Uma das funções mais espinhosas de quem cuida de assessoria política é a de manter uma boa relação com a imprensa. Não que jornalistas sejam de difícil relacionamento, muito mais porque o ofício de informar sempre os leva a escarafunchar em locais que os assessores não gostariam de torná-los públicos. Jornalistas vivem de informação e quanto mais apurada melhor. Assessores são pagos para que seus assessorados sejam vistos e seus atos positivos divulgados. Nessa inter-relação é possível que haja conflitos.
Esta semana o governador Confúcio Moura perdeu um dos seus mais preparados profissionais, justamente o que cuidava dessa relação com a imprensa. Fred Perillo não é apenas uma pessoa de fino trato, mas um profissional exemplar que dignificou o cargo de Diretor de Comunicação do Governo. As razões pelas quais pediu para deixar o governo ainda não são de domínio público e certamente se foi conflituosa não se saberá por sua boca.
Sabe-se que o governo Confúcio tem certa dificuldade com alguns setores da mídia, mas isto não se dá por culpa da capacidade de gerenciamento de Perillo junto ao órgão ou com a imprensa e sim por problemas de gestão do próprio governo que vem tendo dificuldade de emplacar gestores em alguns setores importantes do governo.
Perillo soube conduzir a relação com a imprensa com lealdade ao governo sem ser subserviente. Tratou da informação governamental como um produto que precisa ser entregue ao consumidor. Jamais sonegou informação à mídia nem foi inconsequente com o destino da informação oficial que depois de prestada de forma errada dificilmente se repara. A convivência com o poder jamais lhe subiu à cabeça, como costuma ocorrer quando se está entronizado no poder. Sereno, tratou a todos com a mesma elegância e imparcialidade. Pelo menos é o que referendam meus colegas mais próximos.
Um dia o governador Confúcio Moura disse a mim pessoalmente que o meu colega Julio Olivar era uma pessoa preparada para desempenhar qualquer função no governo, qualquer pasta governamental ele daria cabo de levar a bom termo. Não entro no mérito se o governador esta certo ou errado. Talvez Confúcio não pense assim de Fred, mas estou convencido de que ele coube muito bem na pasta de comunicação e a levou a bom termo até se despedir da função. Entrou e saiu pela porta da frente como deve ser com um profissional exemplar e do seu quilate.
Vitor Paniágua (Jornalista).
REDAÇÃO HOJERONIA.COM