As construções mantêm o ambiente arejado e podem durar até 10 anos. A extração da palha é feita somente com autorização do Ibama...
Elas são feitas de palha de naja, aricurí e açaí e podem ser encontradas em todos os bairros da cidade de Pimenteiras do Oeste, RO, a 880 quilômetros de Porto Velho. As casas com cobertura de palha são uma das características do município, que tem 2,3 mil habitantes, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, sendo que a maioria é descendente de quilombolas.
Lurdes Cândido Moreira, de 33 anos, mora há 18 anos em uma casa forrada com palha. Apesar de externamente parecer primitiva, na residência há eletrodomésticos e aparelhos eletrônicos como geladeira, televisão e rádio.
Segundo Lurdes, a cobertura de palha é mais resistente do que o telhado convencional feito de amianto. “Em setembro costuma ventar forte e as casa com telha de eternite sempre são destelhadas e as casas de palha resistem”, conta.
De acordo com os moradores, além de resistirem aos fortes ventos, as casas de palha também são à prova d’água. “Muita gente pensa que quando chove molha tudo, mas não, não dá goteira”, garante Lurdes.
A única desvantagem das casas de palha é a sensibilidade ao fogo, no entanto isso não às impedem de possuir fogões à lenha dentro das construções. “Já acostumamos e é só tomar cuidado que não tem problemas. Não troco essa casa por uma de alvenaria”, diz a moradora.
A presidente da Associação Quilombola de Pimenteiras do Oeste, Izabel Mendes, conta que a tradição de construir casas com palha é oriunda dos remanecentes quilombolas que se instalaram no município vindo do quilombo Quariterê, na cidade de Vila Bela da Santíssima Trindade, em Mato Grosso.
“Minha família mora também até hoje em casa com telhado de palha e isso é uma herança da cultura africana dos descendentes escravos que povoaram Pimenteiras”, explica Izabel. A presidente destaca um outro motivo pela preferência: o telhado de palha deixa as casas arejadas, o que é um alívio diante das altas temperaturas que variam entre 35 e 40°C.
Cultura ameaçada
O telhado de uma casa de palha pode durar de sete a dez anos. A troca da palha, por outro lado, está restrita no município por determinação do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama).
De acordo com o órgão, as folhas utilizadas são de árvores nativas protegidas por lei. Izabel Mendes conta que a retirada das palhas é concedida apenas com a apresentação de licença ambiental para a finalidade.
Autor e Foto: Flávio Godoi/G1.
REDAÇÃO HOJERONDONIA.COM