Sob pressão da bancada federal, Marcos Rocha exonera assessor que ganhava mais de R$ 22 mil e causou barraco em audiência sobre privatização da BR-364; Jabá pode ser nomeado novamente após crise


Durante a audiência, realizada na última segunda-feira (19), Jabá tentou pular a mureta que separa a galeria do plenário, sendo contido pela polícia legislativa

PORTO VELHO (RO) – Sob forte pressão da bancada federal, o governador Marcos Rocha (União Brasil) exonerou, de forma retroativa ao dia 16 de maio, o servidor comissionado da Secretaria Estadual de Saúde de Rondônia (Sesau), Mário Angelino Moreira, conhecido como Jabá, após ele protagonizar um tumulto durante audiência pública na Câmara Municipal de Ji-Paraná. O evento, promovido pela Comissão de Infraestrutura do Senado, debateu a concessão da BR-364 à iniciativa privada.

Jabá, que recebia salário bruto de R$ 22.590,61 e foi nomeado para um dos cargos mais bem remunerados do Executivo, se apresentou no evento como pequeno produtor rural, ocultando sua verdadeira função de assessor da Sesau. Ele mora em Cacoal, onde já foi vereador, mas não conseguiu se reeleger, sendo posteriormente nomeado pelo governador Marcos Rocha, apesar de não possuir formação ou experiência na área de saúde pública.

Durante a audiência, realizada na última segunda-feira (19), Jabá tentou pular a mureta que separa a galeria do plenário, sendo contido pela polícia legislativa. Além disso, ofendeu membros da comissão do Senado, incluindo o senador Marcos Rogério (PL), principal adversário político de Marcos Rocha desde as eleições de 2022.

A presença de Jabá na audiência tinha como objetivo defender o governador diante das críticas feitas por parlamentares federais. A ausência de Marcos Rocha, que não compareceu ao evento, foi notada e criticada, especialmente após seu assessor assumir o protagonismo no tumulto.

Em sua fala, Jabá responsabilizou Marcos Rogério pela privatização da BR-364, acusando-o de omissão e usando termos pejorativos ao se referir ao senador, a quem chamou de “pit bull de Bolsonaro”. Também atacou outros parlamentares presentes, agravando ainda mais a tensão no ambiente.

A conduta do assessor gerou reações imediatas. O deputado federal Maurício Carvalho (União Brasil) repudiou publicamente o comportamento de Jabá. Outro parlamentar aliado de Rocha, que integrava a mesa da audiência, declarou ao Tudorondonia: “Foi uma atitude desrespeitosa. Lamentamos que o governador não tenha comparecido e que tenha enviado, em seu lugar, um servidor da saúde, pago com recursos públicos, para tentar tumultuar um debate democrático e de interesse direto da população rondoniense”.

Diante das críticas generalizadas, inclusive de aliados, o governador Marcos Rocha determinou a exoneração de Jabá com efeito retroativo, numa tentativa de conter o desgaste político e evitar o agravamento da crise com a bancada federal. Nos bastidores, porém, circula a informação de que Jabá poderá ser agraciado com um novo cargo no governo estadual, mantendo o mesmo patamar salarial, assim que a repercussão negativa do episódio diminuir.

Atualmente, Jabá se encontra em Brasília, participando de audiências em órgãos ligados ao setor de transporte, mesmo após sua exoneração do cargo público em Rondônia.

O episódio ocorre em meio a tensões crescentes entre o governo estadual e a bancada federal, que cobra maior transparência e participação do Executivo em debates que envolvam diretamente os interesses da população, como a concessão do trecho da BR-364 entre Vilhena e Porto Velho.

A audiência pública em Ji-Paraná foi a primeira de duas diligências promovidas pela Comissão de Infraestrutura do Senado em Rondônia para discutir os impactos da concessão. O evento contou com a presença de lideranças empresariais, comunitárias, indígenas, além de representantes políticos dos estados de Rondônia e Mato Grosso e da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).

Até o momento, o Governo de Rondônia não se manifestou oficialmente sobre a possibilidade de uma nova nomeação de Jabá nem sobre o episódio que motivou sua exoneração.

Fonte: Por Tudorondonia

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