Deputado Marcelo Cruz denuncia vazamento de operação sigilosa e aponta colega Ribeiro do Sinpol como fonte de informação privilegiada


Parlamentar afirma ter sido alvo de ameaça após divulgação de possível operação judicial; deputado Ribeiro e delegado lotado na Casa Civil do Governo de Rondônia são citados em denúncia enviada ao MP de Rondônia

PORTO VELHO (RO) – O deputado estadual Marcelo Cruz (sem partido) protocolou uma grave denúncia na Procuradoria-Geral do Ministério Público do Estado de Rondônia, relatando uma suposta articulação política envolvendo agentes públicos da Casa Civil, um delegado da Polícia Civil e o deputado estadual Ribeiro do Sinpol. O parlamentar aponta possíveis crimes como vazamento de informação sigilosa, coação, ameaça e abuso de autoridade.

Segundo a representação enviada ao MP, Marcelo Cruz afirma ter sido procurado pessoalmente, na semana anterior ao dia 11 de junho de 2025, pelo deputado Ribeiro do Sinpol. Na ocasião, Ribeiro teria revelado a existência de uma operação judicial autorizada pelo Tribunal de Justiça de Rondônia contra o próprio Marcelo Cruz. A ação estaria prevista para o dia 5 de junho, mas, segundo Ribeiro, teria sido suspensa por motivos não esclarecidos — ainda assim, estaria pronta para ser deflagrada a qualquer momento.

A informação sobre a suposta operação seria, conforme o documento, sigilosa. Caso confirmada sua existência e o vazamento, a conduta pode configurar crime de violação de sigilo funcional, previsto no artigo 325 do Código Penal. O deputado Ribeiro do Sinpol, que também é policial civil e tem base eleitoral junto à categoria, é acusado por Marcelo Cruz de ter compartilhado dados protegidos judicialmente. Ribeiro mantém  proximidade com membros do governo estadual,  como  o atual chefe da Casa Civil, Elias  Rezende de Oliveira;  o próprio governador Marcos Rocha (União Brasil) e a alta cúpula da Segurança Pública,

O documento protocolado pelo deputado Cruz também menciona o delegado de Polícia Civil Marcos Corrêa, atualmente lotado na Casa Civil do Governo de Rondônia. De acordo com o parlamentar, o delegado teria enviado mensagens com mecanismo de autodestruição para uma assessora de seu gabinete, solicitando contato. Em seguida, o chefe de gabinete de Marcelo Cruz teria recebido outra mensagem do delegado com o teor “já resolvido”, sem maiores explicações.

No dia seguinte, Marcelo Cruz relata que seu chefe de gabinete foi surpreendido por uma ligação anônima com a frase: “Avise ao deputado Marcelo Cruz para tomar cuidado no aeroporto”, interpretada pelo parlamentar como uma ameaça velada. Segundo ele, os fatos representam um padrão de violência simbólica com potencial de inibir o exercício de seu mandato parlamentar, podendo configurar coação e ameaça, crimes previstos nos artigos 344 e 147 do Código Penal.

A denúncia também destaca a recente e repentina substituição do então diretor-geral da Polícia Civil de Rondônia, Samir Fouad Abboid, que estava há 11 anos no cargo. Ele foi substituído por Jeremias Mendes de Souza, nome com ligações mais diretas com a Casa Civil. O episódio é citado por Marcelo Cruz como parte de um cenário de instabilidade institucional e possível interferência política em investigações sensíveis.

Marcelo Cruz requer a instauração de sindicância investigativa contra os envolvidos, incluindo o delegado Marcos Corrêa e o deputado Ribeiro do Sinpol. Também solicita medidas cautelares, como a busca e apreensão do celular do delegado, para preservação de eventuais provas relacionadas às comunicações e possíveis irregularidades.

Além do suposto vazamento de informações, neste ano  o deputado Ribeiro do Sinpol teve seu nome envolvido num episódio relacionado à indicação de uma servidora contratada pela Assembleia Legislativa. A funcionária teria sido lotada no gabinete de Ribeiro, mas trabalhava de fato no Sindicato da Polícia Civil. A servidora foi exonerada após denunciar suposto assédio sexual cometido pelo presidente do sindicato, e alegou ter sido silenciada por Ribeiro, que teria dado cobertura ao dirigente sindical.

No caso envolvendo Ribeiro, o chefe da Casa Civil e  o delegado lotado naquele órgão, Marcelo Cruz  formalizou denúncia ao procurador geral de Justiça, chefe do Ministério Público rondoniense, por meio de um  documento de mais de 20 páginas, que poderá gerar desdobramentos administrativos, disciplinares e, eventualmente, criminais. A Procuradoria-Geral deverá avaliar a procedência das denúncias e a existência de elementos suficientes para instaurar procedimento investigativo. Até o momento, nem o deputado Ribeiro do Sinpol nem o delegado Marcos Corrêa se manifestaram publicamente sobre o caso, mas o Governo de Rondônia  emitiu, na noite desta-quinta-feira, a seguinte NOTA OFICIAL:

O Governo do Estado de Rondônia informa que não há comunicado oficial à Casa Civil acerca da denúncia feita pelo deputado Marcelo Cruz.

E esclarece que o Servidor público Marcos Correia encontra-se lotado  na Casa Civil, no setor de assessoria técnica, atuando na administração pública com presteza e transparência.

O Governo reafirma seu compromisso com a legalidade, a transparência e o pleno respeito às instituições, mantendo sua atuação sempre dentro dos princípios que regem a administração pública.

Porto Velho, 13 de junho de 2025

GOVERNO DO ESTADO DE RONDÔNIA

Fonte: Por TUDORONDONIA

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