O acidente com o avião EMB-720 Minuano, de prefixo PT-RIK, na tarde de sexta-feira, 11, em Rio Branco reacendeu o estopim de um setor do transporte aéreo na região que há muito tempo vem sendo considerado um barril de pólvora: a qualidade na manutenção das aeronaves e o grau, algumas vezes, duvidoso da perícia dos pilotos no Acre.
Na manhã de ontem, estava prevista a chegada de ofi-ciais de segurança de voo, do Sistema de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos, o Sipaer, que tem como trabalho apurar as causas da queda da aeronave.
A reportagem esteve no aeroporto. Não pôde constatar se os agentes realmente chegaram, mas ouviu de alguns profissionais que é comum pilotos decretarem situações de emergências por causa de incidentes como falhas nos motores ou pane de algum outro equipamento.
“Nestes casos, o próprio piloto é instruído a decretar alerta amarelo ao controle de aproximação, e a retornar para o aeroporto, porque se decretar que a emergência é mais grave, como é uma pane de motor, os problemas podem ser imensos para a empresa”, afirma um funcionário de uma empresa, que teme ser identificado.
“Esses problemas podem ser desde o certificado de aeronavegabilidade do avião cassado até demissão do piloto que não quis omitir a situação”, completa o profissional.
Coincidência ou não, em meados de novembro, um avião turboélice Cessna Caravan, com nove passageiros a bordo, teve que retornar ao Aeroporto Plácido de Castro, depois de ter o motor parado.
“Neste caso, o meu colega piloto só não levou o avião pro barro porque é muito experiente e estava muito alto, o que permitiu pousar com relativa segurança, algo que não ocorreu agora, infelizmente”.
Embora este tenha sido o primeiro acidente de 2013 envolvendo aeronaves na Amazônia, a Agência Nacional de Avia-ção Civil (Anac) registrou ao menos 42 acidentes aéreos na Amazônia em 2012.
De acordo com reportagem do Portal Amazônia, o Mato Grosso liderou esse tipo de ocorrência, com 17 aviões sinistrados, seguido do Pará e do Amazonas, com oito e cinco ocorrências. Pode parecer pouco, mas não é para um meio de transporte em que se pode confiar na tecnologia.
“O maior motivo para que acidentes continuem ocorrendo é a forma mesquinha como os patrões tratam as empresas. Eles não querem gastar com peças que já venceram, porque são caras e alegam que vão ter prejuízos”, acusa.
O piloto sugere uma investigação do Ministério Público Federal nas empresas como forma de consertar a situação. “Do contrário, todos vão continuar sujeitos a novos acidentes. Com certeza, este não será o primeiro, infelizmente”.
REDAÇÃO HOJERONDONIA.COM