ALAGAÇÕES COMPROMETEM TRANSPORTE EM RONDÔNIA E ACRE

Caminhoneiros que abastecem os mercados de Rondônia e Acre enfrentam dificuldades com o impacto das alagações sobre a BR-364, principalmente no trecho da região da antiga Mutum-Paraná, onde a travessia é feita com a ajuda de uma balsa. O impasse na viagem provocou um congestionamento de carretas nos postos de combustível de Porto Velho, sendo que muitos estão estacionados no acostamento da estrada. Tem caminhoneiro que está esperando há mais de 20 dias para seguir viagem. A informação nos postos é de que cerca de 2 mil caminhões estariam parados nas cercanias da Capital. Sem informações sobre o que está ocorrendo na estrada e a expectativa de melhoria da situação, eles gastam cerca de R$ 50 por dia para se alimentar, fazer a higiene e outras despesas. E como recebem por comissão, o prejuízo é grande. A situação abala o abastecimento das regiões isoladas e o bolso da população. Motoristas de caminhões frigoríficos com viagem marcada para o Acre e Ponta do Abunã, para transportar carne da região do Sul do País, aguardam autorização das empresas donas das carretas que cancelaram a viagem depois que três caminhões foram danificados em contato com a água nas alagações.

Combustível para aviões não chega ao acre

A falta de condições da estrada também está impedindo o transporte de combustível de avião para a capital acriana. Empresários do setor desautorizaram a viagem alegando questões de segurança. “Se houvesse um vazamento, haveria problemas sérios de contaminação da água”, explica um caminhoneiro. Com isso, os motoristas estão descarregando o combustível no aeroporto de Porto Velho, obrigando o deslocamento de aviões do Acre para a Capital de Rondônia só para o abastecimento.

O desconforme é grande e a espera pela hora de continuar viagem é penosa. Motorista de uma carreta que transporta combustível para aviões, José Messias Lourenção está há 21 dias em Porto Velho. Só nesta semana a empresa para a qual trabalha determinou que ele descarregasse no Aeroporto Internacional Governador Jorge Teixeira, em Porto Velho. Mas como o tanque de combustível do terminal é pequeno (tem capacidade para 60 mil metros cúbicos), os motoristas precisam esperar que o produto armazenado no terminal seja utilizado. Para se ter uma ideia, a carga do caminhão de José Messias é de 42 mil metros cúbicos. Já o colega caminhoneiro, Agnaldo Vieira do Nascimento, transporta uma carga de 43 mil metros cúbicos.

transporte...Transporte de carne suspenso

Casado há seis meses, o motorista Alan Silveira viaja com a esposa, Ivone Bachimi. O destino é o Acre, onde pretende pegar uma carga de carne para levar ao Sul do país. Há 10 dias, o casal está em um posto de abastecimento de Porto Velho, aguardando autorização da empresa proprietária do caminhão frigorífico que dirige para seguir viagem. “A gente ganha por comissão. Se eu retornar sem nada, o prejuízo será muito grande”. E o prejuízo não é só dos caminhoneiros. “Os produtores precisam vender o gado que já está em ponto e abate”, lembra Alan.

Esperança

Sílvio César Aniceto, que trabalha para a mesma empresa de Alan Silveira, sofre o mesmo impasse do colega. Com um rosário na mão, ele espera dias melhores e sugere que o Exército seja acionado para ajudar no transporte de cargas de alimentos. “O preço de toda esta situação quem paga são os consumidores, porque os produtos vão ficar mais caros”, constata. E se a situação está ruim para os caminhoneiros parados em Porto Velho, “imagine o que não estão sofrendo os motoristas que aguardam por mais de 20 dias parados na estrada para continuar viagem”, cita Sílvio César. Os caminhões têm espaço para guardar alimentos por cerca de 30 dias. E de Jacy-Paraná em diante, não há sinal para telefonia celular.

Caminhoneiros contabilizam prejuízos

Nas cargas paradas nas imediações de Porto Velho, com destino ao estado do Acre, há um pouco de tudo. O caminhoneiro Reginaldo José Ramos está carregado de ração para cachorro, gato e peixe, além de chocolate e outros alimentos não perecíveis. “Com certeza, estes produtos estão fazendo falta em Rio Branco”, acredita ele. O caminhoneiro relata que antes da cheia o tempo de viagem de ida e volta São Paulo/Rio Branco/São Paulo era de 10 a 12 dias. “Agora a gente nem sabe quanto tempo vai ficar na estrada”.

Além dos prejuízos com as longas esperas, os caminhoneiros também amargam perdas com danos provocados nos caminhões. “Uma troca de óleo, incluindo motor caixas e câmbio, custa entre R 3 mil e R$ 4 mil. Já um problema no motor pode custar até R$ 30 mil”, diz um dos motoristas.
Os motoristas também reclamam da falta de informações sobre o que está ocorrendo e as perspectivas de melhora da estrada para continuar viagem. Parados nos postos de gasolina, eles jogam conversa fora enquanto enfrentam uma espera que não sabem quando vai acabar.

Ana Aranda – Repórter do Diário da Amazônia

DA REDAÇÃO DO HOJERONDONIA.COM





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