NORMALIDADE- Para o governo Confúcio Moura poder deslancharé preciso que se restaure a normalidade e tenha fim a onda de boatos…
Durante muito tempo se usou a expressão “Quanto pior,melhor”, na época em que o PT era oposição e o PSDB, governo, paracaracterizar a ação do PT, que fazia todo tipo de denúncias de corrupção contrao governo FHC por achar que quanto pior ficasse o país, melhor seria para aoposição poder ser governo e a única forma de conseguir isto seria gerar crisespolíticas, que, àquele tempo, faziam a bolsa cair e o dólar disparar. Ou seja,o PT utilizava as denúncias de corrupção por objetivos políticos ainda queestas não tivessem nenhuma base e, muitas vezes, fossem plantadas por seuspartidários na imprensa. Este denuncismo das oposições com a subida ao poder doPartido dos Trabalhadores, a cooptação dos partidos políticos e dos movimentossociais sumiu. Hoje, praticamente, as denúncias de corrupção surgem apenas daimprensa e, eventualmente, de brigas internas do próprio governo.
Mas, emRondônia, o método parece estar sendo revivido e ampliado com denúncias efactóides que somente visam desestabilizar os poderes, como foi a recenteafirmação do deputado Ribamar Araújo que, para justificar sua saída da ComissãoProcessante atirou em todos os seus pares sem apresentar a mínima prova. EmRondônia, no entanto, não se procura verificar que as acusações precisam serprovadas e que, mesmo as imagens e julgamentos de autoridades não são a verdadenem a última palavra que será sempre da Justiça. É preciso que se tenha umanoção exata de que a governabilidade passa pelo respeito aos ritos, a imagemdos outros e a responsabilidade com os atos e as palavras.
A prática do Quanto pior melhor
A OperaçãoTermópilas, deslanchada em novembro do ano passado, foi como um tsunami na vidapolítica do estado de Rondônia. Pela segunda vez um presidente da Assembleiaera levado preso pela Polícia Federal e, de ainda para denegrir mais nossoestado, outros sete deputados eram acusados de participar do escândalo e opróprio governador teve que abrir as portas de seu apartamento para um de seusassessores ser preso. A grande realidade é que os crimes atribuídos aoex-presidente Valter Araújo não foram feitos na Assembleia, mas, esta foi utilizadacomo base, como instrumento da obtenção de negócios no Executivo.
A própriainvestigação derivou de problemas no setor da saúde, onde o secretário-adjuntoBatista foi preso e, depois, estendida ao Detran onde também se realizavamnegócios, via tráfico de influência. Nada absolutamente nada envolveu aAssembleia. Assim mesmo foi este poder que teve o maior desgaste por conta deimagens em que, supostamente, assessores do ex-presidente estariam entregandopacotes de dinheiro que foram veiculadas via televisão. É claro que, com oimpacto das imagens, a revolta da população foi enorme e é, natural, que sepeça, no calor das denuncias, que cabeças rolem.
Entidadesrespeitáveis pedem que os deputados sejam cassados e esta é a opinião geral.Muitos radicais querem que isto seja feito rapidamente e a qualquer preço,porém, a verdade é que isto não pode ser feito assim. Há os processos e osritos. Celeridade o Ministério Público e a Justiça já demonstraram, pois, foramabertos mais de três dezenas de processos envolvendo as pessoas e empresasenvolvidas no esquema descoberto. A questão é que, no rastro disto, se exigeque a Assembleia açodadamente corte cabeças e a verdade é que os poderes sofremum processo de corrosão com boatos e denúncias que utilizam o estilo do “Quantopior melhor”. No fundo há uma oposição que procura impedir a normalidade, agovernabilidade e que o atual governo tenha tranqüilidade para desenvolver seusprojetos. A visão oposicionista é a de que o governador Confúcio Moura não podeter paz ou, com os projetos que possui e a visão de planejamento, seráreeleito. Então é essencial denunciar, criar problemas, fazer fofocas e gerarcrises.
Senso de realismo
A realidade é que, uma das formas adotadas neste processofoi a de tentar gerar desarmonia e desestabilizar os poderes. Durante muitotempo, e o próprio governador chegou a admitir a possibilidade, e seconjecturava sobre um desdobramento da Operação Termopólis. Não foi feita nofim do ano – disseram – por causa da época. Depois iriam deixar para após ocarnaval. Chegamos ao fim de março e nada. Comenta-se nos bastidores, mas,ninguém comprova, que teria sido a intervenção de senadores que impediram;outros alegam que foi por causa de um suposto acordo com a Maçonaria. Enfim,misturam-se meias verdades com meias mentiras que não se sabe onde uma começa ea outra termina.
O que se sabe é que, por conta disto, mudaram-se pessoas, ogoverno, em muitas ações, não teve a rapidez que poderia ter. Também osproblemas afetam a Assembleia estadual onde o fantasma do ex-presidente passeiagerando inquietude e traumas. O principal é a necessidade inadiável de punir osenvolvidos no processo. E, neste sentido, o presidente em exercício, HermínioCoelho, criou a Comissão Processante.
Ocorre que, em lugar nenhum do mundo, os parlamentarespunirem seus pares é fácil. Há sempre um prurido em relação a isto e a sensaçãoperceptível de que é muito incomodo punir companheiros. Acrescente-se que não éum processo por atacado. Cada um tem que ser julgado separadamente e terdireito de defesa, ou seja, até para ter validade legal, o processo leva tempoe é desgastante. O prazo de noventa dias para a Comissão Processante julgaroito deputados deve-se dizer não é rápido. Pelo tipo de julgamento é rapidíssimo.
Vale lembrar que o Mensalão, o maior escândalo que já se teve noticias no país,apesar de abertos processos no Congresso e envolver centenas de parlamentaressó gerou poucas cassações e algumas renúncias. Assim, para o bem dagovernabilidade, é preciso que se tenha noção de que, neste momento, deve-seter o senso de realidade que, apesar do tsunami, as coisas estão sereconstruindo. É preciso que se dê um crédito tanto ao governo Confúcio Mouraquanto à Comissão Processante. O quanto pior melhor só serve para os que nãopensam no futuro de Rondônia e desejam que não haja governança para alcançarseus objetivos de poder.
sued altomadeira.
REDAÇÃO/HOJERONDONIA.