Cafezais em Rondônia precisam ser revitalizados

Rondônia caiu de segundo para sexto colocado no ranking nacional na produção de café do tipo Conilon. Mesmo assim, o Estado ainda é responsável por 14% da produção da espécie mais importante de café consumido pelos brasileiros, onde a agricultura familiar em pequenas propriedades responde por 80% da produção do café…

Para o diretor do Departamento de Café, do Ministério da Agricultura e Pecuária, Edilson Martins de Alcântara, que no último final de semana conheceu de perto os dois lados da produção de café em Rondônia, “se houver entrosamento entre prefeituras, governo do Estado e governo federal, o fim da crise do café em Rondônia tem 90% de chances de sucesso”.

Conhecedor da área, Martins de Alcântara assegura que o Ministério da Agricultura, por meio da Embrapa, tem como ajudar a repovoar os cafezais com tecnologia desenvolvida aqui mesmo. “Repovoar ás áreas cultivadas para o produtor por meio de viveiros e extensão rural, com mudas clonadas e adaptadas a região é muito importante. Se houver a preocupação em criar um plano plurianual de renovação dos cafezais a cafeicultura em Rondônia, será auto-suficiente e terá futuro promissor”.

Lado positivo

Com uma produção média de 692 quilos por hectare, ou seja 11,53 sacas, os produtores rurais de Rondônia estão colhendo em torno de 1.267.444 sacas de café por safra, em 109.894 hectares de área cultivada. Alcântara conheceu no município de Cacoal uma propriedade de 2,5 alqueires, cultivada com mudas de café clonado pelo pequeno agricultor, Anilei Sérgio Kalki, onde fica claro que o que está faltando de fato tecnologia para cafeicultura rondoniense.

Ali, na safra de 2009, com apoio técnico da Emater, Anilei Sérgio Kalki, colheu em média 52,8 sacas de café Conilon por hectare, utilizando mudas clonadas e podas no tempo certo, o que resultou num produto de ótima qualidade. Na safra 2010, na mesma área a produção saltou para 74,2 sacas de 60 quilos por hectare. Na safra 2011, com a reforma nos cafezais a produção caiu para 16,6 sacas por hectare mesmo assim, acima da média estadual. Para safra 2012 a previsão de Anilei Sérgio Kalki e colher acima de 75 sacas por hectare.

Para o representante do Ministério da Agricultura, atualmente a produtividade por hectare no Estado é baixa, mas as variedades desenvolvidas pela Embrapa e que estão à disposição dos produtores rurais, podem mudar esse quadro, obtendo-se uma melhor produtividade e lucro ao produtor rural. Anilei Sérgio Kalki, que mantem um viveiro de 400 metros quadrados trabalhando com cultivares de café clonado, distribuiu mudas para diversos produtores rurais do norte de Mato Grosso que estão produzindo acima de 60 sacas por hectare e como ele, felizes da vida.

Encontro

Na sexta-feira (30), na Câmara de Vereadores de Cacoal, um evento promovido pelo senador Acir Gurgacz, presidente da Comissão de Agricultura do Senado, debateu com autoridades, produtores rurais e presidentes de sindicatos e associações rurais a crise na produção de café em Rondônia. O secretário de Agricultura Anselmo de Jesus, que representou o governador Confúcio Moura, reconheceu que a situação é preocupante pela continua queda na produção e abandono dos cafezais.

“De fato, as lavouras de café, que já foram uma das principais culturas responsáveis pelo desenvolvimento agrícola e econômico do Estado, atravessam um momento de crise, com baixa produtividade e pouco retorno, fazendo com que os produtores rurais busquem outras fontes de rendas”, admitiu o secretário.

A cafeicultura continua sendo parcela importante do desenvolvimento agrícola e econômico do Estado, porém, tanto o secretário Anselmo de Jesus, quanto o senador Gurgacz, reconhecem que há mais de 15 anos os cafezais não são renovados, o que tem levado muitos produtores trocar a cafeicultura pela pecuária, deixando longas áreas degradadas.

“Todavia, ainda é possível salvar a cultura do café em Rondônia, estimulando a retomada do crescimento. Para isso, são necessários novos investimento em cultivares, clones de espécies adaptadas para a região, sistemas de irrigação e de condução das lavouras, assim como reorganizar toda a cadeia produtiva integrando produção, comercialização e indústria”, avalia Jesus.

Zé Luiz.

REDAÇÃO/HOJERONONIA.





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