Nasceu o Exporta Simples: proposta do Simpi que virou Política Nacional para Pequenos Exportadores
Entre os anos de 2002 e 2005, o Sindicato da Micro e Pequena Indústria de Rondônia (Simpi-RO) protagonizou um movimento decisivo para tornar mais justa a participação de Micro e Pequenas Empresas brasileiras no comércio exterior. À época, a exportação por grandes empresas era tributada a 2,9%, enquanto os pequenos empresários arcaram com uma carga tributária quase quatro vezes maior: 11,8%. Incomodado com essa disparidade e perda de competitividade, o Simpi de Rondônia, sob a liderança do presidente Leonardo Sobral, apresentou uma proposta ao candidato à Presidência da República Luiz Inácio Lula da Silva durante visita a Porto Velho em 2002.
A sugestão não apenas envolvia a redução das alíquotas de exportação, como também propunha um novo modelo tributário simplificado e inclusivo, batizado ali mesmo de “Exporta Simples Brasil”. O modelo defendido previa a inclusão do tributo único dentro do sistema Simples Nacional, com alíquotas entre 2% e 4,95%, tornando a exportação viável também para quem faturava até R$ 1,2 milhão ao ano à época. A ideia era desburocratizar o processo e dar ao pequeno industrial um fôlego competitivo no cenário internacional.
A proposta foi bem recebida por Lula, então candidato, que se comprometeu a estudá-la. Pouco tempo depois, orientado pela coordenadora do Fórum Nacional das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte , Marcia Martins Alves e sua equipe, os dados foram levados ao Fórum para apreciação de seus membros , dentre eles técnicos do Governo Federal, que em tempo recorde transformou em política pública nacional. O programa Exporta Simples foi regulamentado e, desde então, se tornou uma porta de entrada para milhares de pequenos empreendedores brasileiros no mercado global.
Em 2025, a iniciativa completa 23 anos desde sua proposta original, que foi decisiva para zerar a alíquota de exportação para os pequenos empreendedores à época da implantação. A medida não apenas reduziu custos, mas também incentivou a formalização e a melhoria dos produtos, abrindo novas oportunidades para pequenos negócios em todo o país. Hoje, mais de duas décadas depois, o Exporta Simples é reconhecido como uma das principais ferramentas de inclusão econômica, e sua origem em Rondônia, através do Simpi, é um marco de protagonismo regional na história da política industrial brasileira. Assista: https://youtu.be/pT8JLope1CA
Indicador da real situação da economia? Conheça mais sobre o PMI
É comum que os debates econômicos, tanto na mídia quanto nos círculos de decisão, concentrem-se em indicadores já consolidados, como a inflação, o déficit público, a taxa de câmbio, a taxa de juros e o desempenho da atividade econômica. Esses dados são importantes, pois retratam o que já ocorreu ou está ocorrendo na economia. No entanto, conforme analisa o economista Otto Nogami, há um conjunto de indicadores que, apesar de menos comentados, possuem um valor estratégico inestimável: os indicadores antecedentes. Esses indicadores não mensuram o presente nem o passado, mas oferecem sinais sobre o que pode acontecer nos próximos meses. Representam, em essência, a percepção de agentes econômicos — como consumidores, empresários do comércio e industriais — sobre o futuro. Em tempos de incerteza, essa percepção pode influenciar diretamente o comportamento desses atores, sobretudo em decisões de consumo e investimento.
Para o consumidor, por exemplo, uma expectativa negativa quanto ao futuro é suficiente para que ele adie compras de bens duráveis, como eletrodomésticos e automóveis. Já para as empresas, essa mesma sensação de incerteza leva à reavaliação da produção e à contenção na formação de estoques. Esse movimento de cautela começa na percepção e se transforma, pouco a pouco, em retração concreta da atividade econômica. Entre os principais indicadores antecedentes, destaca-se o Índice de Compras dos Gerentes, conhecido internacionalmente como PMI (Purchasing Managers’ Index).
Ele reflete justamente a predisposição das empresas em realizar compras de insumos para alimentar seus processos produtivos. Em abril deste ano, o PMI mostrou queda tanto no setor industrial quanto no setor de serviços. Para Nogami, esse dado é revelador: as empresas estão cautelosas, comprando menos, o que indica uma possível redução futura na produção. Essa desaceleração, por sua vez, tende a afetar a demanda por matérias-primas, reduzir o número de horas de trabalho e, como consequência direta, comprometer a geração de renda. Tudo isso compõe um quadro que ajuda a entender por que as projeções para o PIB de 2025 são mais modestas do que aquelas observadas em 2024.
Portanto, os indicadores antecedentes são mais do que simples números: funcionam como bússolas que apontam o rumo da economia antes que os impactos sejam sentidos plenamente nos dados tradicionais. Ignorá-los é caminhar às cegas em um ambiente que exige cada vez mais planejamento e capacidade de antecipação. Como ressalta Otto Nogami, monitorá-los constantemente é uma prática essencial para governos, empresas e consumidores que desejam se preparar para o que está por vir.
Assista: https://youtu.be/IrbCBiAg79c
Prefeito de Porto Velho defende microcrédito como ferramenta de inclusão para empreendedores
Porto Velho (RO) – O prefeito de Porto Velho, Léo Morais, afirmou nesta semana que pretende ampliar o uso do microcrédito como política pública de inclusão econômica e fortalecimento do empreendedorismo formal e informal na capital rondoniense. A declaração foi feita durante reunião com os diretores da Acrecid/Banco do Povo, Manoel Serra e Aníbal Martins.
O encontro serviu para alinhar estratégias e fortalecer a parceria entre a Prefeitura e o Banco do Povo, com foco no apoio aos pequenos negócios urbanos e rurais. Para o prefeito, o microcrédito é uma ferramenta social de grande alcance que pode contribuir significativamente para o desenvolvimento econômico local e a geração de renda, especialmente entre os empreendedores mais vulneráveis. Segundo ele, estudos técnicos conjuntos entre a Prefeitura e o Banco do Povo devem ser iniciados em breve, com o objetivo de expandir o atendimento aos empreendedores da zona urbana e rural de Porto Velho.
“O Banco do Povo tem credibilidade e uma trajetória consolidada no apoio a pequenos negócios. Vamos trabalhar juntos para garantir que mais pessoas tenham acesso a esse apoio”, afirmou. O presidente do Banco do Povo, Manoel Serra, agradeceu a receptividade da gestão municipal e destacou a importância do envolvimento do poder público na ampliação do acesso ao microcrédito. “A sensibilidade do prefeito Léo Morais é essencial para levarmos mais oportunidades à população que precisa de apoio para empreender”, disse. Atualmente, milhares de empreendedores em Rondônia já são atendidos por programas de microcrédito geridos pelo Banco do Povo, contribuindo diretamente para a movimentação da economia e a inclusão produtiva em diversas regiões do estado Assista: https://youtube.com/shorts/ XsUH56s3ipg?feature=share
Alterações na NR-1 reforçam atenção das empresas aos fatores psicossociais no ambiente de trabalho
A partir de mudanças recentes na Norma Regulamentadora nº 1 (NR-1) do Ministério do Trabalho, empresas de todos os portes, inclusive Microempreendedores Individuais (MEIs) com funcionários, deverão reforçar sua atenção a aspectos relacionados à saúde mental e emocional dos trabalhadores.
A atualização, já em vigor desde 26 de maio de 2024, amplia o escopo da norma ao incluir fatores psicossociais entre os elementos a serem observados nos Programas de Gerenciamento de Riscos (PGR) — exigência que, conforme destaca o advogado Marcos Leite Tavares, representa um passo importante para a construção de ambientes laborais mais saudáveis e produtivos. Segundo o especialista, essa nova abordagem estabelece um marco no tratamento da saúde ocupacional ao reconhecer que o bem-estar psicológico é tão relevante quanto as questões físicas de segurança no trabalho.
“A inclusão dos fatores psicossociais exige das empresas um olhar mais abrangente para o cotidiano de seus colaboradores. Estresse excessivo, assédio moral, jornadas extenuantes ou falta de apoio organizacional são exemplos de aspectos que, agora, precisam ser avaliados e tratados com seriedade no planejamento das atividades e na gestão de pessoas”, explica Tavares. Apesar da vigência já estar em curso, o caráter da fiscalização até 26 de maio de 2026 será predominantemente orientativo e educativo. De acordo com Tavares, o próprio Ministério do Trabalho reconheceu a complexidade do tema ao lançar um guia detalhado sobre como identificar, prevenir e gerenciar os fatores psicossociais no ambiente corporativo. A ideia, segundo ele, é garantir que as empresas tenham tempo hábil para se adaptar, compreendam suas novas responsabilidades e estruturem programas de suporte de forma eficaz e responsável.
A partir de maio de 2026, no entanto, as fiscalizações passam a ter caráter punitivo. Nesse contexto, a preparação antecipada torna-se essencial. “É fundamental que os empregadores busquem apoio técnico e jurídico para interpretar corretamente as exigências, construam estratégias de prevenção e adotem medidas concretas de cuidado com os trabalhadores”, alerta o advogado. Tavares também destaca o papel do Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT) e da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) nesse processo, bem como a relevância do apoio aos pequenos empreendimentos, que nem sempre contam com estrutura técnica robusta.
“O papel da orientação será vital, especialmente para micro e pequenas empresas, que respondem pela maior parte da geração de empregos no país. Essas empresas precisam ter acesso à informação e a instrumentos que favoreçam um ambiente de trabalho seguro, acolhedor e produtivo.” O fortalecimento da cultura de saúde e segurança no trabalho gera ganhos amplos para todos os envolvidos. Colaboradores mais saudáveis tendem a ser mais engajados e produtivos. Já as empresas, ao cuidarem da integridade física e emocional de suas equipes, reduzem afastamentos, fortalecem sua imagem institucional e constroem relações de trabalho mais equilibradas e sustentáveis. Assista: https://youtu.be/iqoT3goRiUo
Sinais de inflexão na política monetária indicam possível ciclo de queda dos juros no Brasil, aponta Roberto Luis Troster
Na análise do economista Roberto Luis Troster, os desdobramentos da chamada “grande quarta-feira” — dia em que as decisões de política monetária do Federal Reserve (Fed) e do Banco Central do Brasil coincidiram — marcam um momento de inflexão nas expectativas econômicas globais e domésticas. Segundo Troster, ainda que os anúncios em si tenham seguido o que o mercado previa, o conteúdo dos comunicados das autoridades monetárias trouxe sinais importantes sobre o futuro dos juros e os caminhos da economia nos próximos meses. Nos Estados Unidos, o Fed optou por manter a taxa básica de juros inalterada, como esperado.
O ponto mais relevante, no entanto, veio na fala do presidente da instituição, que adotou um tom neutro, descartando novas altas no curto prazo. Para Troster, esse posicionamento reforça a perspectiva de que os juros americanos podem começar a recuar, abrindo espaço para uma maior fluidez no crédito global e menos pressão sobre economias emergentes, como o Brasil. No caso brasileiro, o Banco Central elevou a Selic em 0,5 ponto percentual, movimento já antecipado por boa parte dos analistas.
A surpresa, de acordo com o economista, foi o teor ambíguo do comunicado divulgado após a reunião. “Não foi nem sim, nem não — muito pelo contrário. Isso, nesse caso, é uma boa notícia. Mostra que a autoridade monetária está atenta à evolução dos indicadores e aberta a mudanças de rota”, avalia Troster. O cenário descrito por ele aponta para uma tendência de alívio inflacionário nas próximas semanas. Entre os fatores destacados estão a queda nos preços do petróleo no mercado internacional, reflexo da menor atividade econômica global e do aumento da oferta, e a desvalorização do dólar frente a outras moedas. Ambos os elementos devem impactar diretamente os preços dos combustíveis no Brasil, o que, por sua vez, reduz o custo do transporte e gera um efeito deflacionário em cadeia sobre os demais setores da economia. Além disso, Troster menciona uma expectativa de safra agrícola mais robusta neste ano, o que deve contribuir para a redução dos preços dos alimentos, um dos principais componentes da inflação no país. Com menos pressão inflacionária, a autoridade monetária brasileira terá mais espaço para recuar com segurança na taxa Selic.
“Aparentemente, tudo indica que os juros brasileiros já atingiram o pico. É razoável esperar que as taxas comecem a cair ainda este ano, ainda que de forma gradual”, afirma o economista. Na prática, isso se traduz em crédito mais acessível, o que estimula o consumo, destrava investimentos, impulsiona o emprego e favorece o crescimento econômico. Assista: https://youtu.be/eLPGdZ4S6Fs