Governador alega inocência, defende a mulher Maria Alice, ataca Hermínio, diz que não renuncia mas lava as mãos quanto às irmãs Cira e Cláudia Moura e e o cunhado, Francisco de Assis…
Porto Velho, Rondônia – Acuado por graves denúncias de corrupção envolvendo ele e a família, o governador Confúcio Moura (PMDB) imitou literalmente o ex-governador Ivo Cassol (PP) ao usar a frase com que o hoje senador tentava desvencilhar-se e se safar de todas as enrascadas em que os assessores se metiam durante sua administração.
Quando confrontado com alguma malversação de assessores, Cassol , invariavelmente, saia-se com essa: “Cada um responde pelo seu CPF”.
Neste domingo, na frente do Ministério Público, o governador Confúcio Moura disse isso sobre as denúncias de corrupção que pesam contra seu cunhado e auxiliar particular, Francisco de Assis, casado com Cláudia Moura, secretária de Promoção Social e irmã do chefe do Poder Executivo Estadual.
Confúcio foi ao MP tentar se defender antecipadamente das denúncias de corrupção que envolvem ele, a mulher Maria Alice; o cunhado Francisco de Assdis e até as irmãs Cláudia e Cira Moura.
As denúncias foram feitas nesse sábado à tarde pelo deputado José Hermínio Coelho (PSD), presidente da Assembleia Legislativa de Rondônia. Hermínio entregou à imprensa uma série de cópias de cheques emitidos pela empresa Multimargem, de propriedade do ex-secretário adjunto de Saúde do Governo, José Batista, preso na Operação Termópilas da Polícia Federal por desvio de recursos da Sesau juntamente com o ex-deputado foragido Valter Araújo (PTB).
Hermínio disse ter informações de que os cheques eram descontados por Francisco de Assis e o dinheiro embolsado pela família do governador, incluindo o cunhado, a mulher e o próprio Confúcio.
A Multimargem operava créditos consignados (empréstimos com desconto em folha) para servidores públicos do Estado.
Mensalmente, segundo as denúncias, a empresa faturava R$ 300 mil e repassava R$ 150 mil a Francisco de Assis. Um desses cheques teria sido utilizado pelo cunhado do governador para pagar a Social Imóveis. Dinheiro do esquema também teria abastecido a conta da primeira dama do Estado, Maria Alice, que, neste domingo, acompanhava Confúcio na entrevista que o governador concedeu, às 11 horas, na sede do Ministério Público, em Porto Velho.
Confúcio foi ao MP entregar um documento no qual abre mão do seu sigilo fiscal e bancário, bem como do sigilo fiscal e bancário de sua mulher e das duas filhas, uma médica e outra dentista; mas, quando eprguntado sobre o cunhado e as irmãs, o governador desconversou e saiu pela tangente: : “Cada um cuida de seu CPF”.
Confúcio, após citar a Constituição Federal, também levantou a possibilidade de processar cível e criminalmente o deputado Hermínio Coelho, exigindo pagamento de indenização por danos morais. Diz ele que Hermínio feriu a Constituição ao fazer ao trazer a público a denúncia.
O governador alega que a denúncia é sem fundamentação e anônima. Se disse indignado e afirmou que essas denúncias são um prato requentado e que já teriam sido investigadas pela PF na Operação Termópilas.
Para o governador, Hermínio está sendo instigado por uma suposta oposição que visaria desestabilizar seu Governo, “que está no rumo certo”. segundo Confúcio, o objetivo das denúncias é “poluir a opinião pública”.
CONTOU UMA MENTIRA:
Aos jornalistas, Confúcio contou pelo menos uma mentira durante sua entrevista neste domingo na frente do Ministério Público. Disse que, durante a Termópilas, destacou “os melhores delegados do Estado para auxiliarem na Operação”, o que não é verdade.
No dia da Operação, que ocorreu há um ano, o governador foi surpreendido com a prisão de assessores e até de um afilhado, Rômulo da Silva Lopes, que trabalhava na Governadoria como assessor e ajudava a quadrilha do ex-deputado Valter Araújo no desvio de recursos do Estado. Rômulo foi preso no apartamento de Confúcio, que pensava que também seria preso.
ILEGITIMIDADE DE HERMÍNIO:
Na sua entrevista, Confúcio atacou Hermínio e considerou duvidoso o critério pelo qual o deputado ocupa hoje a Presidência do Poder Legislativo. “Ele agia em conluio com o Valter Araújo. É repugnante o fato do deputado querer ser governador de Rondônia no tapetão”.
Confúcio também acusou Hermínio de agir de forma “sorrateira e sórdida” ao fazer as denúncias contra ele e a família.
Após anunciar que abriu mão dos sigilos, tanto seus quanto das filhas e da mulher, Confúcio foi perguntado quanto às irmãs Cira e Cláudia Moura e o cunhado. E saiu à la Cassol: Cada qual tem seu CPF”.
Sobre os R$ 150 mil que teriam sido pagaos de propina pela Multimagem ao cunhado, Confúcio disse não ter conhecimento. “Não autorizei nada disso”, limitou-se a dizer o governador.
Mesmo utlizando como defesa prévia o fato de a denúncia ter chegado de forma anônima à `Assembleia – o denunciante diz ter medo de morrer -, o governador deu uma pista de que já sabe de onde partiram as acusações: de seu ex-secretário adjunto José Batista. “Eu já sabia da artimanha do Hermínio em comprar estas informações ; por isso pedi à Superintendência do Banco do Brasil em Rondõnia o rastreamento da conta bancária de minha mulher para provar que nada foi depositado”.
NÃO RENUNCIA:
Sem que ninguém lhe perguntasse, o governador afirmou que não pretende renunciar ao cargo. “Há uma cama de gato preparada pela oposição. Mas vou sair fortalecido”, disse ele.
Tudorondonia.
REDAÇÃO HOJERONDONIA.COM