DEFESA CIVIL DETALHA AÇÃO CONTRA ENCHENTE

Risco de desabastecimento de combustível não está afastado…

O socorro e auxílio às famílias que estão desabrigadas com a cheia do rio Madeira são a prioridade da Coordenação da Defesa Civil Estadual, que atua em várias frentes e parcerias para atender as demandas surgidas. O planejamento para a situação atual não exclui precauções para eventual aumento dos problemas, que pode acontecer se a cota do rio Madeira, que ontem foi de 17 metros e 38 centímetros, chegar a 18 metros. Neste cenário, até mesmo o abastecimento de combustível na capital ficará comprometido. Uma explanação sobre o quadro atual foi feita na manhã desta sexta-feira, 14, em entrevista coletiva concedida pelo coordenador estadual da Defesa Civil, coronel bombeiro Lioberto Ubirajara Caetano.

Também participaram da entrevista o secretário chefe da Casa Civil Marco Antônio Faria; coronel José Pimentel, coordenador da Defesa Civil do Município; o vice-prefeito Dalton Di Franco, o capitão de corveta Luiz Reginaldo Macedo, delegado da Marinha, e a coordenadora do Sipam, Ana Cristina Strava.

O chefe da Casa Civil, Marco Antônio Faria, disse aos jornalistas que nada será escondido da população a respeito do impacto provocado pelo transbordamento do rio Madeira e suas consequências. Ele destacou que há entendimentos com o comandante da 17ª Brigada de Infantaria de Selva, general André Luiz Novaes, para que o Exército tenha participação no enfrentamento dos problemas decorrentes da enchente. O chefe da Casa Civil acrescentou ainda que o governador Confúcio Moura está em Brasília, onde participou de audiência com os ministros da Integração Nacional e da Defesa, informando a situação das enchentes e detalhando um plano de atendimento que está em andamento.

“O foco é salvar as pessoas. O dia 20 de fevereiro é quando, conforme esperamos, deve ocorrer o pico da cheia e dissipação. Até lá, manteremos mobilização para ampliar a capacidade de retirada das pessoas das áreas de risco, inclusive de forma preventiva. Temos 200 pessoas em campo, três aviões, três helicópteros, caminhões, camionetes. Um barco vai socorrer os desabrigados em São Carlos e Nazaré, com água potável, remédios a atendimento médico”, destacou o coronel Lioberto Caetano, que coordena os trabalhos da Defesa Civil Estadual.

Ele informou ainda que o Governo do Estado acompanha os efeitos das chuvas e alagações em Rolim de Moura e Santa Luzia, na Zona da Mata; Guajará-Mirim e Nova Mamoré, no Vale do Mamoré e Porto Velho. “Hoje são aproximadamente 570 mil pessoas indiretamente atingidas pelas águas”.

A BR-425 está interditada, em razão das águas que cobriram a pista. Com isso, as cidades de Guajará e Nova Mamoré estão isoladas. “Vamos estabelecer uma alternativa para abastecer essas cidades, em parceria com as Forças Armadas”, completou o coordenador.

O coronel José Pimentel, da Defesa Civil Municipal,  informou que 345 famílias foram retiradas de áreas alagadas na capital. “Estamos trabalhando com todos os esforços e pedimos a colaboração dos empresários e da comunidade, para que façam doações de água, alimentos e roupas para ajudar aos desabrigados”.

As pessoas desabrigadas estão sendo abrigadas na Escola Maria Isaura, em igrejas católicas e outros locais cedidos para este fim. A prefeitura vai locar apartamentos e outros locais, junto com o Governo. Barracas de campanha do Exército poderão ser utilizadas para abrigar as famílias desabrigadas, além do chamado “Kit 100”, que é utilizado em grandes estruturas e pode abrigar até 100 pessoas.

Comunidades ribeirinhas assistidas

Além do apoio às famílias de Jacy-Paraná e de Fortaleza do Abunã, os esforços das autoridades também se concentram nas comunidades de São Carlos, onde 150 famílias precisam de assistência. “Nazaré é outro distrito crítico, onde temos dificuldades até de pousar a aeronave, mas um barco vai atender a essas duas localidades e às demais, com equipes médicas e mantimentos”, acrescentou Caetano.

Ele apontou ainda que em Calama e São Carlos, serão instaladas bases de apoio. Em Calama, o risco maior não é a alagação, mas o desbarrancamento e algumas casas deverão ser interditadas.

A preocupação das autoridades é que, caso haja o aumento do nível das águas em 70 centímetros, a ligação terrestre de Porto Velho com o distrito de Jacy-Paraná, vai ser fechada.

Balsas da BR-319 e do Abunã comprometidas

Outra situação preocupante como decorrência da cheia do Madeira é a atracação das balsas que atravessam veículos pelas rodovias BR-319, com destino a Humaitá (AM), e pela BR-364, em Abunã.

“Caso o nível da água se eleve em  mais 20cm, a travessia da BR-319 será fechada, pois não haverá calado para o rebocador arrastar a balsa. Já estamos no limite máximo de segurança de navegação. Além disso, no Km 1,5 também há o risco de alagação da rodovia”, alertou o capitão de corveta Andre Luiz Macedo, delegado da Marinha.

Em Abunã, a empresa construiu uma nova rampa e a travessia está mantida, em apenas uma balsa. “A recomendação é que as pessoas evitem viajar por essas rodovias. Somente em casos realmente inadiáveis, pois os riscos são grandes”, observou o coronel Lioberto Caetano.

Abastecimento de combustível em alerta

Sem ter como atracar, as balsas que trazem combustível pela hidrovia do Madeira têm dificuldades em bombear o produto para os tanques das distribuidoras. Estes tanques começam a ser atingidos pela enchente e há risco ambiental, inclusive. Uma distribuidora já suspendeu suas atividades.

Com a redução no desembarque de combustível, a termelétrica que opera na capital, responsável por boa parte da energia que abastece Rondônia e Acre, já acionou o Ministério de Minas e Energia para a utilização de energia gerada nas usinas do Madeira, através de um sistema chamado de “backtoback”.

“O grande problema é que além do bombeamento do combustível das balsas estar crítico, a água do Madeira atinge os tanques de armazenamento e os caminhões têm dificuldades para carregar e distribuir nos postos. Outro problema é a questão ambiental”, lembrou Caetano.

Cota de 18 metros

A previsão de que até o próximo dia 20, com base em dados do Sipam, a cota do Madeira atinja os 18 metros, um nível bem acima da marca histórica da cheia de 1997, quando registrou 17,55m.

“Se atingir essa marca, teremos uma situação crítica, com o fechamento de rodovias, isolamento de comunidades, desabastecimento de combustível e cerca de 2.000 famílias desabrigadas na capital, sem contar nos distritos ao longo do Madeira, além de Nova Mamoré e Guajará-Mirim”, pontuou o coronel Caetano.

O coordenador da Defesa Civil Estadual alertou que a primeira medida seria o racionamento do combustível para assegurar o funcionamento da frota pública, o transporte público, veículos da saúde e de transporte de pessoas e de mantimentos e operações de segurança.

“Isto é uma projeção, com base nos dados meteorológicos. Não podemos afirmar que essa cota será atingida, mas a certeza que temos é que o Madeira continuará com o volume de águas bem acima do normal”, enfatizou Ana Strava.

Fonte: Decom

REDAÇÃO HOJERONDONIA.COM





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