DIÁRIO PORTAL: A VOLTA DO VILHETAÇO

Foi com muito orgulho que recebi o convite de colaborar com o Vilhetaço em sua versão online. Semanário que por muitos anos colaborei na sua versão original, nos idos 80 e 90. Muitos leitores e colaboradores também tiveram a mesma alegria ao receber a notícia alvissareira.

A história da imprensa vilhenense (quiçá de Rondônia) não pode ser escrita sem um capítulo à parte ao pequeno raçudo da mídia interiorana. Afinal o Vilhetaço não se dobrava frente aos afagos e rapapés, às propostas financeiras bem por isso nunca deu lucro pra ninguém. Deu processos, perdas e danos e uma tristeza enorme em sua despedida, fugaz eu diria, pela sua magnitude. Sua maneira de informar era diferenciada, sempre de forma irreverente, atrevida, perspicaz. A sua redação era a que menos recebia colaboradores. Os textos eram escritos a mão em guardanapos nos botecos, bares, restaurantes, como o do Hélio, até em supermercados, como o extinto Follador. O compromisso não era com a métrica, com o texto perfeito, com o lead, com técnicas de redação e linguagem culta. A informação se fazia em forma de piada, anedotas, chacotas, gracejos, sem nunca, porém, deixar de informar, do seu jeito. Desapareceu, quando pretendeu ser um jornal como tantos outros.

Para quem espera a volta desse Vilhetaço é melhor não contar com isso. Esse Vilhetaço, salvo grande engano, não existirá mais. Como não existirá outro Pasquim. Os tempos são outros, as pessoas são outras, as motivações idem. A cidade era apenas um fiapo de urbanidade, as pessoas se conheciam e se falavam, os jornalistas quase sempre estavam reunidos e a informação fluía juntamente com as versões e o chiste. E muito também porque já não vai contar com a excelência do seu criador, Estanislau José Taques, por irreverência da maternidade e do destino, o mesmo prenome do personagem caricato de Sérgio Porto (Stanislaw Ponte Preta) que criticava “O Festival de Besteira Que Assola o País”. Taques caçoava do festival de besteira que assolava (e ainda assola) a sociedade vilhenense. Também não terá a inteligência do brilhante e satírico advogado Sérgio Zippin, hoje descansando em paz,de quem me orgulho de um dia ter sido reconhecido como jornalista. Nem a malandragem textual do jornalista João Batista, a esperteza e o jeito matreiro do Breque, a ranzinicedo Roque Ferreira, a presença de espírito do Afonso Locks.

A nova versão do Vilhetaço terá que trilhar outro caminho sem a necessidade de repetir a ausência de linha editorial (o Taques diria, o que é isso?) do antigo Vilhetaço, e certamente saberá trilhar pela competência e compromisso dos que se propõem a ressuscitar a marca. Mesmo que seja impossível ressuscitar a velha irreverência, certamente a nova versão por certo haverá de conter pitadas de humor, salpicadas aqui e acolá entremeadas com informação, criando personagens e propiciando boas gargalhadas. E quando e se isso acontecer terá valido a pena. Porque saudade a gente só encontra no passado. Aquele Vilhetaço é passado.

Vitor Paniágua (Minha homenagem ao meu amigo Taques, vivendo feliz em Campo Grande-CE).

DA REDAÇÃO DO HOJERONDONIA.COM





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