O ex-deputado estadual de Rondônia Tiziu Jidalias, que presidiu a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) criada para investigar irregularidades na construção das usinas hidrelétrica do Rio Madeira, recebeu no ano passado um milhão de reais do grupo chinês Susfor, que detém contratos com as usinas de Santo Antonio e Jirau. O dinheiro foi repassado em plena campanha eleitoral para o próprio Tiziu, que era candidato a vice-governador do Estado na chapa de João Cahula, candidato derrotado ao governo de Rondônia.
Esta é mais uma revelação de um esquema de corrupção e fraudes envolvendo o grupo chinês Sustainable Forest Holdings Limited (Susfor), sob suspeita de ter aplicado um mega golpe na Bolsa de Valores de Hong Kong usando informações falsas sobre contratos com as usinas do Rio Madeira no Brasil. Documentos obtidos com exclusividade pela reportagem do portal EcoAmazônia revelam que o esquema pode ser muito maior e comprovam o envolvimento com políticos graúdos do Estado de Rondônia.
Tiziu Jidalias era deputado estadual e comandava as investigações contra as usinas do Madeira. Depois de sucessivos discursos inflamados prometendo desvendar graves irregularidades na construção das usinas, o deputado aprovou um relatório final da CPI que não apontava nenhuma grande irregularidade. Hoje se sabe que o silêncio pode ter tido um preço: um milhão de reais, dinheiro vindo da China diretamente para as mãos do deputado Tiziu.
O grupo Susfor, por meio da sua subsidiária brasileira Universal Timber Resources do Brasil (UTR), está no centro de um esquema envolvendo fraude financeira internacional, usando contratos com as usinas do Rio Madeira. O grupo mantém estreita relação com os donos das usinas de Santo Antonio e Jirau desde 2009, quando iniciou negociações para a aquisição da empresa brasileira VP Construtora, de S. Paulo, que detinha contratos de supressão vegetal e de aquisição de toda a madeira retirada das áreas de construção das duas usinas. Um negócio de mais de R$ 400 milhões de reais.
Segundo documentos e escutas telefônicas obtidos pela reportagem, para ter a anuência das usinas para conseguir os contratos da VP, a Susfor teria que resolver alguns problemas das empreiteiras, um deles era a CPI das Usinas, que poderia atrapalhar o cronograma das obras caso fizesse revelações comprometedoras. A Susfor prometeu repassar ao presidente da CPI, o deputado Tiziu Jidalias, a quantia de um milhão de reais, para que o relatório final da CPI fosse amenizado. O dinheiro seria justificado com um contrato falso que simula, por parte da Susfor, a aquisição de um projeto de manejo florestal do deputado Tiziu Jidalias. O grupo Susfor, por meio da sua subsidiária brasileira UTR, deu a Tiziu quatro cheques no valor de R$ 250.000,00 cada um.
Na manhã do dia 1º de julho de 2010, o deputado Tiziu Jidalias, acompanhado de seguranças, apareceu no escritório da UTR em Porto Velho, na época localizado na Av. Carlos Gomes, 2597, Bairro São Cristóvão. Tiziu estava completamente transtornado e obrigou a funcionária da UTR Janayna Pupp a ir a uma agência do Banco do Bradesco sacar os quatro cheques em nome dela mesma, já que os cheques não estavam nominados. Era uma tentativa de evitar a sua ligação com o dinheiro vindo da China. A funcionária não queria ir ao banco, mas Tiziu e seu segurança, de nome Tico, a convenceram usando o método da intimidação.
Janayna foi à agência do Bradesco, mas não aceitou sacar o dinheiro em seu nome. Tiziu Jidalias ficou irado, a ponto dos funcionários do banco perceberam que algo ali estava errado. A agência Bradesco de número 1294 não havia feito previsão de saque de tamanha quantia e não queria liberar o dinheiro, o que deixou Tiziu ainda mais bravo. Usando da força de integrante da Assembléia Legislativa de Rondônia, ele obrigou o tesoureiro da agência, Ricardo, a liberar o dinheiro, que foi sacado em nome do seu funcionário, de nome Tico. Tiziu Jidalias saiu da agência depois do meio dia, com um milhão de reais em uma mala.
Preocupado com uma forma de justificar o recebimento daquela dinheirama toda, Tiziu teria feito um contrato de venda de um plano de manejo com o grupo Susfor, mas este plano de manejo nunca existiu de fato. Ele teria inclusive pago os impostos decorrente da falsa operação, mas segundo fontes ligadas ao deputado na época, o dinheiro foi parar na campanha ao governo do Estado de Rondônia. Dinheiro que veio da China e irrigou a campanha eleitoral, com as bênçãos das usinas de Santo Antonio e de Jirau.
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