ENTREVISTA: EMPRESAS ENVOLVIDAS EM FRAUDE NA PREFEITURA DOARAM DINHEIRO PARA O PT; ROBERTO SOBRINHO DEVERIA ESTAR PRESO

O MPF trabalha para que os que foram presos não voltem à Prefeitura, incluindo Roberto Sobrinho. Reginaldo Trindade aconselhou o prefeito a desistir de querer retornar ao cargo…

Porto Velho, Rondônia – O procurador da República Reginaldo Pereira da Trindade, um dos responsáveis pela desarticulação de uma suposta quadrilha que agia na Prefeitura de Porto Velho, não descartou a possibilidade da prisão do prefeito Roberto Sobrinho (PT) e de outras pessoas.

Reginaldo deu entrevista à imprensa nesta sexta-feira, na sede da Procuradoria da República em Rondônia. Ele falou das investigações que resultaram no afastamento do prefeito e na prisão de secretários e assessores, além de empresários e outros envolvidos no esquema do desvio de dinheiro público tanto municipal quanto federal.

Nesta semana, antes da operações da PF na Prefeitura de Porto Velho, o procurador já havia dado uma entrevista para falar sobre o que o Ministério Público Federal tinha constatado ao investigar denúncias de irregularidades na Secretaria Municipal de Projetos e Obras Especiais (Sempre), cujos titulares, Israel Xavier e Silvana Cavol, secretário e ajunta, respectivamente, estão presos desde esta quinta-feira, juntamente com Valmir Queiroz, coordenador de fiscalização do órgão.

Na ocasião, o procurador deu a dica de que o esquema é muito maior e se alastra por órgãos municipais que sequer foram visados nestas primeiras duas operações da Federal.

EDSON SILVEIRA, O EMPRESÁRIO

Na entrevista anterior, o nome do dirigente petista Edson Silveira foi citado como dono de uma empreiteira que participaria de esquemas ilegais na Prefeitura. Nesse contexto, segundo Reginaldo Trindade, servidores municipais eram pressionados a acelerar pagamentos de serviços não realizados, alterando medições de obras, fraudando licitações, entre outros ilícitos até então apurados.

Nesta sexta, o procurador detalhou como funcionavam os esquemas de corrupção na Prefeitura.

GRANDES ARBITRARIDEDAES

“Israel Xavier, Silvana Cavol e Valmir Queiroz cometeram grandes arbitrariedades contra servidores. Eles assediaram,  perseguiram e obrigaram servidores a fazer aquilo que a lei não manda; quem não fazia era posto para fora”.

OPERAÇÃO SEMPRE MPF

O Ministério Público Federal aproveitou a sigla de uma das secretarias investigadas, a Sempre, para lançar uma operação permanente de combate à corrupção no âmbito daquela instituição, e a batizou de Sempre MPF, que visa coibir os desmandos , desvios e combater fortemente o crime organizado na Prefeitura.

O objetivo, segundo Reginaldo, é incomodar e “perseguir” os envolvidos em corrupção. Nesse aspecto, o procurador ressaltou que a “perseguição” a que se referiu não deve ser encarada como algo pessoal. A palavra, segundo ele, significa, na verdade, ” não dar trégua aos corruptos”.  É uma operação total contra a corrupção e o crime organizado.

Para que não haja conotação pessoal, as ações do MPF estão sendo assinadas pelos setes procuradores do órgão em Rondônia.

NOVAS PRISÕES

O procurador ressaltou que suas declarações referem-se à operação Endemia, que apura o escândalo envolvendo obras nos igarapés de Porto velho e cujos recursos são oriundos da União. É nesta operação que foram presos Israel, Silvana Cavol e Valmir Queiroz. A outra operação (Vórtice), que resultou na prisão de outros secretários, como Jair Ramíres, Mirian Saldanã e Emanoel Néri (secretário de Estado da Cultura, Esporte e Lazer, indicado pelo PC do B), entre outros, se deu no âmbito das investigações do Ministério Público estadual.

A operação Endemia revelou apenas problemas nas obras de igarapés, no valor de R$ 14 milhões, mas o MPF vai fazer uma “devassa na Secretaria para que não fique pedra sobre pedra; todos os envolvidos, inclusive os que não foram citados publicamente, vão responder”.

ROBERTO LONGE DA PREFEITURA

O Ministério Público trabalha para que os que  foram presos não  voltem  à Prefeitura, incluindo o prefeito Roberto Sobrinho. Reginaldo Trindade aconselhou o prefeito a desistir de querer retornar ao cargo.

OBRAS DOS VIADUTOS

Sobre eventuais irregularidades nas obras dos viadutos, o procurador foi econômico nas palavras, mas adiantou que, a respeito desta questão, “novas medidas estão no forno”. Ele não descartou irregularidades nestas obras.

AS EMPRESAS DE ROBERTO SOBRINHO

“Há um aspecto nebuloso nesta história de que o prefeito tem empresa ou empresas com contratos de prestação de serviço às usinas do rio madeira. Uma dessas empresas já foi detectada: forneceu ou fornece alimentação. É inconcebível que o prefeito tenha sentado com os consórcios para falar de problemas do município e, ao mesmo tempo,  haja defendido  interesses particulares. É uma relação perigosa, promíscua”.

DOAÇÕES AO PT

O Ministério Público Federal já descobriu que empresas que ganharam licitação fraudulenta na Prefeitura de Porto Velho doaram para o PT e Israel Xavier, então candidato a deputado federal nas eleições de 2010. As que doaram para a campanha de Israel ganharam as maiores licitações, sempre favorecidas pelo regime de terror e intimidação de funcionários implantado na Secretaria. “As testemunhas vinham depor tremendo de medo deste regime que existia naquela secretaria”.

QUEIMA DE ARQUIVO

Na quinta-feira pela manhã o MPF tomou o depoimento de uma testemunha que relatou queima de arquivo na Sempre. E-mails comprometedores foram deletados dos computadores. A PF já foi notificada para fazer perícia nos equipamentos apreendidos.

O DESEPERO DE ROBERTO

O prefeito de Porto Velho, Roberto Sobrinho, ligou – sem sucesso – diversas vezes para tentar falar com o procurador Reginaldo antes que as operações da PF fossem desencadeadas. O procurador classificou a ação do prefeito como “desespero”.

HOUVE PROTEÇÃO A ROBERTO SOBRINHO PARA QUE ELE NÃO FOSSE PRESO ?

“Da parte do Ministério Público não houve nenhuma proteção para que o prefeito de Porto Velho , ou qualquer outra pessoa suspeita de ilícito, escapasse de ser preso”. O procurador disse existirem evidências de que o regime de terror na Sempre era de responsabilidade do prefeito. Acrescentou que Roberto deveria estar preso, mas, por possuir forum especial, sua prisão deve ser decidida pelo Tribunal de Justiça de Rondônia ou  Tribunal Regional Federal. “O secretário Israel Xavier era um provável braço direito do prefeito. Mas conheço o desembargador Gilberto Barbosa (relator do processo TJ). Vamos ter fé”.

Tudorondonia

REDAÇÃO HOJERONDONIA.COM





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