Perícia grafotécnica e depoimentos reforçam suspeitas de candidaturas simuladas para cumprir cota feminina, com possíveis cassações e recontagem de votos à vista na Justiça Eleitoral
Um laudo pericial da Polícia Federal (PF) intensificou as investigações sobre suposta fraude à cota de gênero no Partido Socialista Brasileiro (PSB) durante as eleições municipais de 2024 em Porto Velho (RO). O documento, identificado como “Laudo nº 942/2025 – SETEC/SR/PF/RO”, assinado pelos peritos Gleidston Pains Pamplona e Naraiana Ribeiro Santos, concluiu que a assinatura atribuída a Uéslei Lopes Soares em contrato de campanha apresentado pela candidata “Luzia da Silva Ozorio de Oliveira (PSB)” não foi produzida por ele. O exame grafotécnico identificou “divergências técnicas incontornáveis entre o padrão gráfico e a assinatura questionada”.
O laudo se soma a depoimentos de três pessoas listadas como cabos eleitorais ou coordenadores, que negaram qualquer envolvimento nas campanhas. Em juízo, “Uéslei Lopes Soares” afirmou que nunca trabalhou na campanha de Luzia, desconhecendo o documento e negando a autenticidade da assinatura. Alessandro Oliveira do Nascimento, em confissão extrajudicial, declarou que não atuou nas eleições de 2024, não assinou contrato e destacou erro no sobrenome registrado no documento. Hudson Carmo da Cunha Bastos também negou participação em campanha, assinatura ou reconhecimento do contrato atribuído a ele.
A defesa da candidata Luzia insistiu na realização de perícia grafotécnica, levando o Juízo a determinar a apresentação do contrato original. O documento não foi localizado. Mesmo assim, a perícia prosseguiu com base na versão digitalizada, resultando no laudo categórico da PF que confirmou a falsidade.
A investigação aponta para candidaturas femininas com baixa votação no PSB: Caroline Suarez (2 votos), “Luzia da Silva Ozorio de Oliveira” (7 votos) e Rafaela Carolina Evangelista de Oliveira (8 votos). Outros elementos incluem ausência de votos em si mesmas por algumas candidatas ou familiares, além de vínculos familiares cruzados, como Renan Suarez (marido de Rafaela) contratado como cabo eleitoral de Caroline Suarez (sua prima), e Ludmila (filha de Luzia) listada como coordenadora de Rafaela, sem evidências concretas de atos de campanha digital ou materiais gráficos.
O dirigente partidário Renê Suarez, apontado como articulador, é tio de Caroline e sogro de Rafaela. Em depoimento, ele admitiu não ter votado nas candidatas nem feito campanha por elas, limitando sua atuação à formação da nominata feminina e operacionalização de transferências de recursos públicos, parte dos quais direcionados a contas de familiares.
Com o laudo da PF, confissões, baixa votação, ausência de campanha real e desaparecimento do contrato original, o processo tramita na 6ª Zona Eleitoral de Porto Velho, sob responsabilidade do juiz Guilherme Baldan. Caso reconhecida a fraude nos termos da Súmula 73 do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), podem ocorrer cassação da nominata do PSB e retotalização de votos.
Fonte: Por [email protected]



