Porto Velho, Rondônia – Quando o cidadão passa mal e precisa ser socorrido, a primeira medida geralmente é ligar para o resgate, que envia uma ambulância para remover o paciente.
Condenado a quatro anos e oito meses de prisão, no regime semiaberto, por fraudes em licitações, o ainda senador Ivo Cassol (PP) parece querer implantar na política o “socorro ambulância”.
Como está impedido de disputar o Governo, o homem do chapéu teria confidenciado a pessoas próximas que uma das soluções para o seu grupo político seria escalar “o homem das ambulâncias”, o deputado federal Nilton Capixaba (PTB) na disputa ao Palácio Presidente Vargas.
Após o resultado do julgamento do STF, que o condenou, Cassol teria se reunido com a família e decidido se afastar da política. Não durou muito para ele voltar atrás.
Antes, a intenção de Ivo Cassol era colocar a sua esposa, Ivone Cassol, na disputa pelo Governo. Cogitou-se até mesmo a candidatura de sua filha caçula, Karine Cassol a deputada estadual, além da irmã dele, Jaqueline Cassol, a deputada federal.
Desistindo de lançar um nome do clã cassolista, o senador, que mesmo de fora terá grande influência nas eleições do próximo ano, passou a buscar nomes dentro do grupo político ligado diretamente a ele. E encontrou o socorro de Capixaba.
Quem também poderia capitanear uma candidatura do PP ao Governo seria o deputado federal Carlos Magno. Ocorre que Magno enfrenta problemas de saúde e estaria impossibilitado de encarar uma disputa dura como é a do Executivo Estadual.
A máfia das ambulâncias
Em 2006, quando era deputado federal, Capixaba se envolveu no escândalo que ficou conhecido como a Máfia das Ambulâncias, após a deflagração pela Polícia Federal, da Operação Sanguessuga, que prendeu assessores e servidores públicos acusados de utilizar R$ 110 milhões do Orçamento na compra de ambulâncias superfaturadas.
Segundo as investigações da PF, a empresa Planam, com sede no Moto Grosso, superfaturava o preço das ambulâncias em até 110%. Além disso, a empresa entregava muitas vezes veículos com defeitos ou sem todos os equipamentos.
Em depoimento à Justiça Federal, o empresário Luiz Antônio Trevisan Vedoin, sócio da Planam, denunciou o envolvimento de mais de 90 parlamentares no esquema. Após investigação, a CPI inocentou 18 e pediu a abertura de processo de cassação contra 72, sendo três senadores e 69 deputados. Os deputados Coriolano Sales (PFL-BA) e Marcelino Fraga (PMDB-ES) renunciaram ao mandato para fugir do processo de cassação à época.
À CPI, Vedoin revelou que o esquema adiantava o pagamento da propina aos parlamentares, que apresentavam emendas ao Orçamento para a compra de ambulâncias por prefeituras.
Um levantamento da Controladoria Geral da União mostra que, de 3.043 ambulâncias compradas desde 2000, o poder Executivo firmou 38 convênios com a Planam, enquanto outros 891 convênios com a empresa tiveram origem em emendas parlamentares.
O primeiro passo da quadrilha era contatar prefeitos. Em muitos casos, como o próprio Vedoin declarou à CPI, parlamentares ajudavam a cooptar prefeitos para direcionar as licitações em favor da Planam e de outras empresas envolvidas no esquema.
Após a aprovação do texto no Congresso Nacional, Maria da Penha Lino, ex-assessora do Ministério da Saúde, assim como os próprios parlamentares, usavam sua influência para facilitar a liberação dos recursos.
Se lançar seu nome ao governo, Capixaba que é um bom deputado federal, deverá enfrentar problemas com adversários e com a malecidência que não o perdoa nem como socorrista de Cassol ao governo do Estado.
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FOTO: WILMER G. BORGES
REDAÇÃO HOJERONDONIA.COM