Rodrigo Motta de Jesus era considerado foragido e alegou estar viajando.Operação investiga quadrilha que desviava verbas em eventos festivos...
O empresário Rodrigo Motta de Jesus, conhecido como Guerreiro, se apresentou na delegacia de Ji-Paraná (RO), por volta de 17h20 desta segunda-feira (15). Ele é um dos envolvidos no suposto esquema de desvio de verbas na realização de eventos públicos em Rondônia, revelado na Operação Zagreu, conduzida pelo Ministério Público do estado (MPRO), e era considerado foragido da Justiça desde as 12h desta segunda. O mandado de prisão contra o empresário era o último a ser cumprido.
Rodrigo é empresário de eventos gospel e disse que vai aguardar a apuração dos fatos para emitir qualquer posicionamento sobre o caso.”Que a justiça seja feita, estou com a consciência limpa e acho que Deus sabe de todas as coisas. Se é pra eu passar por isso está permitido, estou muito tranquilo”, declarou na delegacia, para onde foi acompanhado do advogado.
Perguntado sobre os motivos que o levaram a se apresentar em Ji-Paraná, uma vez que o empresário é de Rolim de Moura, Rodrigo alegou estar viajando. “Eu não estava foragido, estava em viagem e como eu já estava no meio do caminho, decidi me apresentar aqui”, esclarece.
Segundo a Polícia Civil de Ji-Paraná, o advogado apresentou o empresário e o delegado plantonista foi acionado. O mandado de prisão foi certificado e Rodrigo foi encaminhado para o Presídio Central de Ji-Paraná, onde está à disposição da Justiça. Segundo a polícia, o juiz responsável pelo caso e o Ministério Público já foram foram comunicados.
O esquema
As investigações da Operação Zagreu apontaram a instalação de uma quadrilha nos Poderes Executivo e Legislativo para desviar verbas na realização de eventos festivos públicos em Rondônia. O esquema funcionava mediante o direcionamento de emendas parlamentares para entidades do terceiro setor, utilizadas como laranjas. O grupo responsável pelos crimes é integrado por servidores públicos e empresários suspeitos da prática de falsidade ideológica, peculato, advocacia administrativa, entre outros delitos.
Conforme o MPRO, oito deputados estaduais podem estar envolvidos nas fraudes, que causaram um prejuízo de R$ 3,766 milhões aos cofres públicos. Os nomes dos parlamentares não foram divulgados. Os deputados investigados liberavam emendas parlamentares para empresas de fachada, que utilizavam os recursos públicos para promover eventos empresariais, com a proposta de fomentar a cultura local.
Estão sendo investigadas a Associação Cultural Evolução, a Sociedade Cultural Carnavalesca, a Rádio Comunitária Educativa e a Organização da Sociedade Civil de Interesse Público Pais e Filhos.
O Ministério Público iniciou as investigações a partir da Operação Baco, que descobriu fraudes em licitação na prefeitura de Ouro Preto do Oeste, para a realização de um evento de fim de ano em 2013. Em Porto Velho, a operação surgiu após a denúncia de irregularidades orçamentárias para a realização da festa Expo Show Rodeio, realizada em novembro de 2013.
O projeto técnico elaborado para prestação de contas pela Superintendência de Cultura, Lazer e Esporte (Secel) tinha como objetivo a fomentação cultural de um evento com a oportunidade de apresentações de artistas locais e receberia R$ 410 mil de recursos públicos. Mas, durante a divulgação do evento, percebeu-se a contradição com a programação que traria artistas de renome nacional, entre eles, Luan Santana, Péricles e Eduardo Costa. Além disso, seria cobrado ingresso para a exposição, de caráter empresarial, realizada por entidades de fachada. A verba não foi liberada, mas o evento aconteceu normalmente.
Foram expedidos três mandados de prisão temporária: contra o empresário José Joaquim dos Santos, conhecido como Zezinho da Maria Fumaça; Charles Henrique Ribeiro Matheus, funcionário de Zezinho; e Rodrigo Motta de Jesus.
Também foram afastados de cargos públicos servidores da Casa Civil, Assembleia Legislativa e Secel, quatro pessoas suspeitas de facilitarem as fraudes, entre elas, o sub-chefe da Casa Civil, Paulo Werton Joaquim dos Santos, irmão de Zezinho.
A operação é realizada pelo Ministério Público em parceria com a Companhia de Operações Especiais da Polícia Militar (COE-PM) e técnicos do Tribunal de Contas do Estado.
Ísis Capistrano e Pâmela Fernandes/Do G1 RO.
DA REDAÇÃO DO HOJERONDONIA.COM