Instituição funciona em presídios de porto velho…
Na primeira visita de um secretário da Educação aos núcleos educacionais em dois presídios de Porto Velho, Ênio Pinheiro e Urso Panda, o secretário Júlio Olivar emocionou os presos que ouviram suas palavras e compromissos de melhorar o ambiente escolar e as condições dos professores que, para terem segurança, ministram suas aulas com as grades fechadas.
“Todos vocês também foram crianças um dia, tiveram sonhos, projetos e, principalmente, têm uma centelha de Deus dentro de cada um. Então não percam a esperança”, disse Olivar. “Tenham certeza, se as circunstâncias da vida os fizeram parar aqui, passar por essa dificuldade, é a educação que lhes dará uma vida melhor quando reconquistarem a liberdade. A Secretaria da Educação vai atender às reivindicações de vocês e dos professores que estão sem ônibus para chegar até aqui.”
Além do transporte público para os professores – providência tomada logo que o secretário chegou à Seduc; um micro-ônibus começa a atendê-los já a partir da próxima segunda-feira – e melhorias físicas nas salas, os apenados pediram também a mudança do nome da escola, que é o mesmo do presídio (Ênio Pinheiro). Segundo eles, com este nome, os empregadores tomam ciência de que estiveram presos logo que veem o currículo ou o diploma. No mesmo instante, de forma democrática, o secretário definiu com os apenados o novo nome, que será “Escola Madeira-Mamoré”, como homenagem aos 100 anos da ferrovia construída no período áureo da borracha.
Já os professores reclamaram, além da questão do transporte, do não recebimento de insalubridade por lecionarem em ambiente tão tenso e com salas precárias. Júlio Olivar tranquilizou-os dizendo que isso é de fato um direito e será corrigido ainda dentro deste mês.
Em seguida, o secretário conheceu também as atividades socioeducativas que eles praticam através da Acuda (Associação Cultural e de Desenvolvimento do Apenado e do Egresso), responsável pela criação do Grupo Teatral Bizarros que tanto sucesso fez em Rondônia e diversos outros Estados do Brasil.
Os núcleos da escola Ênio Pinheiro nos dois presídios, que funcionam pelo sistema de Educação de Jovens e Adultos (Eja), foram apresentados ao secretário pelo diretor, professor Aristóteles Alves, e seu vice, professor Evaldo Everton Moraes. A visita, realizada nesta segunda-feira (13), foi acompanhada pelo professor de geografia Ruzel Costa, o presidente do conselho da comunidade, Risomar Braga Regis, e o diretor da Acuda, Rogério Araújo.
Outro problema diagnosticado é o fato de que a Escola Ênio Pinheiro não tem sua Associação de Pais e Professores constituída, pré-requisito legal para que a entidade receba determinadas verbas públicas, a exemplo do Proafi (Programa de Apoio Financeiro), Pnae (Programa Nacional de Alimentação Escolar), PDDE (Programa Dinheiro Direto na Escola). Contudo, a direção da escola garantiu que está formando um grupo comunitário para compor o conselho escolar da instituição, a fim de que ela seja contemplada por tais recursos.
Com três salas amplas, mais dois salões, o Presídio Urso Panda é o que oferece a melhor estrutura para as aulas, comparadas às outras unidades. Ali, 120 presos frequentam as aulas. Os alunos representam 15% dos 800 detentos – 80% dessa população carcerária não tem o ensino médio e 50% dela não completou o ensino fundamental.
Além do projeto Acuda, o secretário conheceu outros projetos nos quais os detentos compartilham terapias, fazem trabalhos artesanais, participam de cursos profissionalizantes, cuidam de hortas e granja, e recebem atendimento odontológico.
DECOM/SEDUC.
FONTE/HOJERONDONIA.