No início de novembro o vereador vilhenense Jacy Alves usou a tribuna da Câmara Municipal para responsabilizar a ACIV (Associação Comercial e Industrial de Vilhena) pelo custo de vida em Vilhena ser maior que o de Cacoal. Procurado pela Revista Imagem para comentar a declaração do vereador, o empresário José Ivanildo, presidente da entidade, questionou a afirmação do parlamentar, sem polemizar. “Essa coisa de que os preços de Cacoal são mais baratos que em Vilhena é um mito. E mesmo se fosse verdade, como a ACIV poderia ser responsabilizada por isso? A ACIV representa os seus associados, mas interfere – e nem se quisesse teria como interferir – nessa questão. Pois cada empresário tem seu centro de custo, e a partir daí vai estabelecer sua margem de lucro. É uma coisa muito particular que compete especificamente a cada empresário, não à ACIV”, esclareceu.
Diante da polêmica levantada pelo vereador, Imagem resolveu fazer uma pesquisa de mercado para verificar se o vereador realmente tinha razão quanto aos preços praticados em Vilhena e em Cacoal. A pesquisa foi feita no dia 5/11, nas duas cidades. Gêneros alimentícios, material de construção, combustível, eletrodomésticos, foram pesquisados mais de 35 itens, e o resultado foi de que as duas cidades se igualam em relação aos preços praticados pelo comércio. O feijão de Cacoal estava mais barato, enquanto que o Arroz em Vilhena podia ser comprado pelo menor preço. E assim, entre uma variação e outra, no total de 25 itens de alimentação, os pesquisados em Cacoal ficaram R$ 0,06 mais baratos. Não dá nem pra calcular o percentual disso. O total dos itens pesquisados em Cacoal somou R$ 140,24 e o de Vilhena, R$ 140,30.
Por outro lado, a reportagem verificou grandes diferenças entre as duas cidades quando o assunto é política. As Câmaras de Cacoal e Vilhena tem o mesmo número de vereadores. O orçamento das duas casas é praticamente idêntico, na faixa de R$ 4,5 milhões por ano. Os salários dos vereadores também são os mesmos (R$ 4.950,00). Porém, as semelhanças param por aí. E o que faz as duas casas serem diferentes é a postura adotada por cada parlamento. No mês passado, por exemplo, a Câmara de Cacoal anunciou durante a sessão ordinária do dia 28/11, o envio do recurso no valor de R$ 113 mil para a compra de uma ambulância para o município de Cacoal. Detalhe o dinheiro encaminhado para a prefeitura são recursos da própria câmara (sobra do orçamento destinado ao Poder Legislativo) que estão sendo devolvidos para o executivo. E não foi só. Além do recurso direcionado para a compra da ambulância, a economia feita pelos vereadores de Cacoal em 2011 possibilitou que a Câmara devolvesse outros R$ 185 mil para a prefeitura, utilizados para construção da praça da Ceplac. No total, a Câmara devolveu a prefeitura de Cacoal, quase R$ 300 mil.
Já em Vilhena devolver dinheiro é algo que está longe de cogitação pela Câmara de Vereradores. E não é por que eles recebem poucos recursos. Nesse ano, por exemplo, a Câmara de Vilhena teve a seu dispor cerca de R$ 4,5 milhões. Muito mais que a secretaria municipal de Esporte e Cultura, cujo orçamento foi de pouco mais de R$ 1 milhão, da secretária de Transporte e Trânsito (R$ 618.941,00) e de outras 5 secretarias municipais (Comunicação, Administração, Terras:, Indústria e Comércio, e Planejamento). E uma prova de que sobra dinheiro na Câmara de Vilhena são os gastos com diárias, que nos primeiros 8 meses do ano foram de quase R$ 170 mil.
TRANSPARÊNCIA TOTAL
Como se não bastasse, além de gastar demais, a Câmara de Vilhena faz questão de esconder seus gastos. Postura que em Cacoal é coisa do passado. Na era digital e da tecnologia, a Câmara de Cacoal fez o básico: criou um site e o hospedou na internet. Parece uma coisa simples, sem muita importância. Até é uma atitude simples, mas de extrema importância, pois através da internet a Câmara de Cacoal divulga suas ações e principalmente seus gastos, dando visibilidade, transparência para a coisa pública. No site da www.camaradecacoal.ro.gov.br a população tem acesso aos balancetes e prestações de conta do legislativo cacoalense. “E é assim que tem que ser, ou pelo mesmo que esperamos que seja. Pois os vereadores devem satisfação à população, pois o dinheiro que eles usam para a manutenção das atividades não é deles, é do povo”, opina o professor Flávio Rosenbergue. Já em Vilhena, a Câmara faz de tudo para dificultar a divulgação de seus gastos.
E não é só nisso que a postura diferenciada da Câmara de Cacoal tem produzido de bom. A disposição em criar um relacionamento mais transparente com a população excede o âmbito da Casa de Leis. No dia 28/11, o projeto de lei que obriga a publicação de todas as obras públicas em execução no município de Cacoal no site da Prefeitura Municipal foi aprovado por unanimidade pelos vereadores. O projeto exige que informações como foto atualizada, local da obra, descrição do serviço, prazo de início e conclusão e o valor orçado sejam lançadas na internet. A medida vai garantir transparência administrativa e principalmente a motivação e a participação popular, possibilitando a qualquer cidadão interessado, o auxílio na fiscalização e no correto andamento de todas as obras públicas sendo executadas em Cacoal.
Revista Imagem – Edição 71, dezembro/2011.
Fonte/hojerondonia.com