ONG critica polícia sobre operação em Jacy

Na polêmica em torno dos problemas sociais que afligem o distrito de Jacy-Paraná desde que recebeu uma expressiva população em função da construção das usinas de Santo Antônio e Jirau, a exploração sexual infantil denunciada por entidades voltadas à proteção de crianças e adolescentes é um dos maiores desafios a serem combatidos. No último fim de semana, uma operação integrada da Polícia Civil não identificou nenhum caso de exploração envolvendo crianças, apenas adultos. Ainda que não descarte a hipótese de haver o crime, a polícia destacou a falta de informação precisa nas denúncias e superdimensionamento do problema e conclama a população a denunciar casos fornecendo maiores informações. O Centro de Defesa da Criança e do Adolescente (CDCA) classificou o resultado da operação como ‘lamentável’.

A operação denominada “Jacy em Paz” foi realizada na madrugada de domingo, e teve como objetivo combater o favorecimento à prostituição em estabelecimentos. Informações fornecidas pelo Juizado da Infância e Juventude, delegacias de Nova Mutum e a Especializada em Proteção à Criança e Adolescente subsidiaram sobre os locais onde possivelmente ocorresse a prática. Outros órgãos como Justiça, Vigilância Sanitária e Polícia Rodoviária Federal integraram a operação, que envolveu 226 profissionais, e 50 viaturas.

Em 38 estabelecimentos fiscalizados, 14 foram interditados por falta de autorização para funcionamento. Dois proprietários foram presos em flagrante por manterem a exploração sexual de mulheres. Segundo o diretor de Polícia Especializada, Eliseu Muller, “as mulheres encontradas em situação de prostituição nas casas alegaram fazer em média seis programas por dia e garantiram um rendimento mensal entre R$ 6 mil a R$ 12 mil”. Nos locais, camuflados como bares, haviam quartos com características de ambiente destinado à prostituição, como preservativos e anotações relativas ao crime.

Segundo o diretor de Polícia Civil, Claudionor Muniz, as denúncias de exploração sexual contra crianças são vagas, apesar de muitas pessoas afirmarem que há a prática. “Eu desafio inclusive a população a nos munir de informação, porque toda e qualquer informação será apurada”, afirmou.

O presidente da ONG Centro de Defesa da Criança e do Adolescente (CDCA), Francisco Marto, criticou a ação refutando que há recorrência da prática no local, que segundo ele, é promovida por intermédio de mulheres, inclusive de outros Estados, que atuam como cafetinas. “Lamentavelmente demonstra a completa desinformação no sistema de segurança no que tange a delitos com a população infanto-juvenil, em especial no distrito de Jacy-Paraná, onde a situação já não é epidêmica e sim endêmica”, disse.  A ONG desenvolve projetos no distrito desde 2005 e tem como um dos focos o combate à violência sexual infanto-juvenil. Para Marto, o caso revela que políticas públicas que ignoram direitos previstos no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). “É como se a criança não existisse”, conclui. As constantes denúncias de exploração sexual têm pautado diferentes ações do poder público e privado no distrito.

Em agosto, o Diário produziu uma série de reportagens em Jacy, quando entrevistou moradores que confirmaram a prática. A diretora do posto de saúde Adriana Soares, afirmou à reportagem que se tornou comum o atendimento de crianças de até 10 anos grávidas.

Diário da Amazônia.

Hojerondonia.com





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