POR VITOR PANIAGUA: UM MACACO E UMA BANANA NA FLÂMULA NACIONAL

Lima Barreto, entre outras obras, O Triste Fim de Policarpo Quaresma, é um dos expoentes da nossa literatura. Mulato, de descendência escravocrata, detestava o futebol. Para ele, o esporte inventado pelos ingleses e adotado pelo mundo inteiro, provocava atos de racismo e dissenção entre os povos, dentre outras justificativas para ele próprio criar uma liga antifutebol.

Nasceu nos século 19 e morreu no século seguinte. Vivesse nos tempos atuais certamente integraria a turba enfurecida que vai protestar contra a Copa do Mundo daqui alguns dias no Brasil. Numa coisa, entretanto, ele estava junto com os futebolistas: a reação antirracista.

Em 1920, quando o Brasil disputava as competições com equipes argentinas e uruguaias surgiram às manifestações contra os jogadores brasileiros. Que chamavam nossos atletas de macaquitos.

Imediatamente Barreto, mulato, filho de escravos, se zangou. Propôs adotar o macaco como uma espécie de símbolo nacional. Da mesma maneira que o galo identifica a França, o urso a Rússia, a águia a Alemanha, o leão a Bélgica e o leopardo a Inglaterra. O feito foi publicado na revista Careta, de 23 de outubro de 1920 sob o título sugestivo: Macaquitos.

Mesmo contrário ao futebol nos séculos passados, o gesto de Barreto o alforriaria diante dos milhares de brasileiros que gostam de futebol. Afinal seu gesto diante da provocação argentina e uruguaia encontraria acalanto nos corações dos desportistas e dos cidadãos contrários à bestialidade que é o racismo. Afinal, que gesto mais sugestivo que o do lateral do Barcelona Daniel Alves diante de uma banana lançada aos seus pés por um idiota racista¿Para a legião de racistas uma banana. E na flâmula brasileira quem sabe um macaco saboreando deliciosamente uma banana.

POR VITOR PANIAGUA

DA REDAÇÃO DO HOJERONDONIA.COM





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