Iniciativa da Comunidade Cidadã Livre transforma vivência pessoal de dor em instrumento pioneiro de cuidado, respeito e dignidade à população trans
Rondônia dá um passo histórico na promoção da saúde e dos direitos humanos com o lançamento da Caderneta de Saúde Trans, a primeira publicação da federação voltada ao acompanhamento integral da população trans.
Idealizada por Karen Oliveira Diogo, mulher trans, rondoniense e presidente da Comunidade Cidadã Livre, a caderneta nasceu inspirada em sua própria trajetória de resistência, marcada pela luta contra o preconceito e pela busca por um atendimento digno dentro do sistema público de saúde.

Depois de enfrentar um período de vulnerabilidade, que exigiu cirurgias e atendimentos médicos, Karen percebeu o quanto ainda faltavam preparo e empatia nas equipes de saúde ao lidar com corpos e identidades trans.
“Eu vivi situações em que o desconhecimento machucava mais que qualquer ferida do corpo. Era como se eu não coubesse em lugar nenhum — nem na ficha, nem no olhar de quem me atendia. Foi ali que eu percebi que ninguém deveria passar por isso, e que era possível transformar a dor em cuidado.”
Da experiência pessoal nasceu a ideia de criar um instrumento técnico e pedagógico capaz de orientar os profissionais de saúde e garantir que cada pessoa trans fosse atendida com respeito, segurança e sensibilidade.
SOBRE A CADERNETA
A Caderneta de Saúde Trans reúne informações fundamentais sobre histórico clínico, uso de hormônios, silicone industrial, vacinas, exames, saúde mental e direitos da pessoa trans. O material também reforça a importância do uso do nome social e da escuta qualificada no atendimento, valorizando a identidade e a autonomia de cada indivíduo.
Para a Comunidade Cidadã Livre, a publicação representa um marco de cidadania e inclusão. Além de orientar os profissionais, a caderneta serve como referência para políticas públicas e formações sobre saúde integral da população trans, promovendo uma nova cultura de cuidado no Sistema Único de Saúde.
“A Caderneta de Saúde Trans é mais que um documento. Ela é um símbolo de amor coletivo, de reconhecimento e de dignidade. Ela nasceu para salvar vidas, mas também para curar feridas antigas”, destaca Karen.
Com conteúdo validado por profissionais de saúde e linguagem acessível, a publicação reforça o protagonismo da sociedade civil na construção de políticas inclusivas, e por meio de parcerias, a caderneta será distribuída nas Unidades Básicas de Saúde do estado, e capacitação para os profissionais de saúde, ref afirmando o respeito às identidades, transformação social e política pública.
Fonte: Por Camila Lima/Assessoria



