Empresas, motoristas e trabalhadores do setor de transporte de carga contabilizam prejuízos, arriscam a vida na principal rodovia federal que corta Rondônia e dão ultimato ao Dnit para realizar manutenção na pista em trechos críticos e iniciar obras de restauração completa da BR-364
Os empresários, caminhoneiros e trabalhadores do setor de transporte de cargas de Rondônia começaram a organizar, no início deste ano, uma mobilização para pressionar o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (Dnit) e o Ministério dos Transportes por melhorias urgentes na BR-364, que corta o território rondoniense de Norte ao Sul. O movimento ganha força na medida em que a pista da rodovia piora, com a intensificação das chuvas e início do escoamento da safra de grãos na região Centro Oeste via Porto Velho. Os presidentes de sindicatos e cooperativas do setor já falam em fechar a rodovia.
A situação crítica da pista no trecho de 145 quilômetros entre Pimenta Bueno e Ji-Paraná, onde os buracos se multiplicam a cada dia neste período de chuvas, e no trecho próximo a Ariquemes, onde um buraco enorme ameaça romper a pista, está servindo como estopim para o movimento que ameaça fechar a rodovia a qualquer momento, até que o Dnit apresente uma resposta satisfatória e inicie as obras de restauração.
O presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas de Rondônia (Sindicar), Liemar Coelho dos Santos, disse que já enviou comunicados ao Dnit e à Polícia Rodoviária Federal (PRF) relatando a situação da rodovia em diversos trechos, solicitando uma intervenção imediata com melhores serviços de manutenção. “A manutenção que estão fazendo é de péssima qualidade e não suporta uma semana de chuvas, sem falar que a estrutura da rodovia já não suporta mais este trânsito pesado”, avalia Santos. Ele acrescenta que o prejuízo com esta situação é de toda a população rondoniense e do Norte do País. “Nestas condições, o frete tem que ser mais caro, o que é repassado para os produtos e todos pagam pelo descaso do governo com esta importante rodovia”, dispara.
O presidente da Federação das Empresas de Transportes de Cargas da Amazônia (Fetramaz), Irani Bertolini, esteve no final de 2011 com as autoridades do Dnit e do Ministério dos Transportes, em Brasília, onde solicitou providências em relação às BRs 364, 163 e 319, todas na região Norte, e em especial ao trecho de Ji-Paraná a Pimenta Bueno, na BR-364. “Até agora nada foi feito e vamos voltar a fazer contato com as autoridades em Brasília cobrando novamente uma solução rápida”, frisou Bertolini.
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários (Sinttrar), Antônio Carlos da Silva, reforça que as péssimas condições da pista oferecem riscos a vida dos trabalhadores e motoristas que trafegam por ela diariamente. “Se não tomarem uma medida urgente com relação à manutenção da pista nos trechos críticos e o início da restauração completa da rodovia, teremos que interromper o trânsito por tempo indeterminado, pois não queremos nos responsabilizar por mais acidentes e perdas humanas na rodovia”, sentenciou Silva.
O presidente da Cooperativa de Transporte Rodoviário de Rondônia (CTR), Jorge Roberto Marreta, destacou que com o início da colheita de soja no Cone Sul de Rondônia e no Mato Grosso, a quantidade de carretas bitrem, com até 40 toneladas de soja, está aumentando diariamente. “Estamos aguardando uma ação do Dnit, pois não queremos parar a rodovia, o que acarretaria prejuízo para todos”, disse Marreta. “Mas se até março não tivermos uma resposta satisfatória teremos que parar a rodovia em nome da segurança, exigindo mais respeito do governo aos agricultores, empresários, motoristas e ao povo de Rondônia e de toda a região Norte que são prejudicados com a atual condição da rodovia”, salienta.
A bancada federal de Rondônia, do Mato Grosso e do Acre também cobram do governo uma ação urgente com relação à BR-364. O senador Acir Gurgacz (PDT), fez novos contatos, ontem, com o ministro dos Transportes e os diretores do Dnit, na busca de uma solução imediata para os problemas na rodovia. Para o senador, o Dnit precisa reforçar imediatamente o serviço de manutenção nos trechos críticos e esclarecer à população sobre a licitação que prevê a restauração completa da rodovia. “Se não começarmos as obras de restauração até maio, junto com o início do período de seca em Rondônia, vamos perder um ano de trabalho e a situação ficará ainda pior”, alerta Acir. O senador convocou o diretor presidente do Dnit, general Jorge Fraxe, para explicar o processo de licitação da rodovia na Comissão de Agricultura, no dia 1º de março. “Esperamos que até lá o Dnit possa nos apresentar uma solução definitiva para estes problemas”, ressaltou Acir.
No ministério dos Transportes, a assessoria técnica disse que o edital dos lotes 3 e 4, entre Vilhena e Ouro Preto do Oeste, será lançado no início de março, com início das obras previsto para agosto. O edital dos lotes 1 e 2, entre Porto Velho e Ouro Preto do Oeste, foram suspensos pelo Tribunal de Contas da União (TCU), até que questões referente às jazidas de saibro e brita sejam respondidas pelo Dnit. O diretor presidente do Dnit, ameaçou, na reunião que teve com a bancada de Rondônia, no dia 9 de fevereiro, romper o contrato com a empresa que realiza a manutenção da rodovia, mas essa situação não foi confirmada.
Autor: Diário da Amazonia.
FOTOS/WILMER G. BORGES.
FONTE/HOJERONDONIA.