Antes restrita a grandes centros urbanos, a Aids já está presente em quase todos os municípios de Rondônia. Esse avanço e a falta do diagnóstico precoce são motivos de preocupação para as autoridades em Saúde pública, que prevêem dificuldade no controle desta epidemia caso a população não supere o preconceito aos portadores do vírus HIV, uma das principais barreiras para o tratamento da doença.
A enfermeira do Serviço de Atendimento Especializado (Sae), em Ariquemes, Dienata Fernandes, revela que muitas pessoas deixam de fazer os exames preventivos com medo do resultado. “É incrível que muitas pessoas ainda pensem que a Aids é uma doença de profissionais do sexo ou de homossexuais. Muitas pessoas também têm medo do resultado ser positivo, por isso deixam o exame de lado”, argumenta a enfermeira.
Dienata lembra que sem os devidos cuidados, um portador do HIV pode contaminar muitas outras pessoas. “Ainda não há cura para a Aids, mas o tratamento evoluiu muito e hoje o paciente soropositivo pode ter uma vida muito mais tranquila do que há alguns anos atrás”, acrescenta.
Dados do Ministério da Saúde revelam o avanço da Aids nos municípios do interior de Rondônia. Na região do Vale do Jamari os municípios de Alto Paraíso, Ariquemes, Buritis, Campo Novo, Cujubim, Machadinho do Oeste e Monte Negro possuem pacientes com a doença. Mas além dos casos confirmados, há indícios de que pessoas estejam infectadas e ainda não realizaram o exame.
Em Ariquemes, somente no mês de novembro, foram confirmados cinco novos casos da doença. Já nos primeiros dias do dezembro outros três pacientes foram diagnosticados com o vírus.
Como forma de combater o surgimento de novos casos, as autoridades em Saúde pública reforçam o uso de preservativos nas relações sexuais, sendo esta a principal forma de transmissão do vírus.
O preconceito aos portadores do vírus HIV ainda é uma das principais barreiras que precisam superadas para que o diagnóstico precoce da doença seja realizado. A constatação é da psicóloga Luciane Melo, que atende pacientes portadores desta síndrome.
Luciane é uma das integrantes do SAE e acompanha a realização dos testes rápidos. Durante o exame ela conversa com os pacientes e os orienta sobre os problemas provocados pela Aids. A psicóloga também é responsável por informar o resultado dos exames. “Esse trabalho de conscientização é importante porque faz com que o paciente entenda que ser portador do vírus da Aids não é o fim do mundo. O pior é não saber que é portador do HIV”, avalia.
EXAMES AJUDAM NO CONTROLE
Com o avanço da tecnologia e da medicina não foi só o tratamento da Aids que melhorou, nos últimos anos. A forma para o diagnóstico do vírus também apresenta novidades. É o caso do “Teste Rápido de HIV”, que revela se o paciente é soropositivo ou não em menos de 30 minutos – pelo método convencional o resultado poderia demorar de 30 até 60 dias para produzido.
O novo teste é uma das armas do Serviço Atendimento Especializado (SAE) de Ariquemes, responsável pelo atendimento de todos os pacientes da região do Vale do Jamari – cerca de 120 portadores do HIV fazem o tratamento na unidade.
Além do atendimento no SAE, o teste rápido também é feito nos postos de Saúde em ações itinerantes. “Por causa do preconceito, muitos pacientes não procuram o SAE, enquanto e nos postos de saúde a gente conversa com quem está na fila e acaba convencendo da importância de fazer o teste. Durante a espera pelo atendimento nós fazemos o nosso trabalho e já entregamos o resultado”, explica a enfermeira Dienata Fernandes do SAE Ariquemes.
Com o aumento do número de exames, a equipe do SAE acredita que vai aumentar também a confirmação de casos de HIV. “Isso é importante, porque nós vamos poder fazer o tratamento da pessoa e orientá-la para que não acabe transmitindo o vírus para outra pessoa”, lembra Dienata.
O vendedor Antônio Marcos foi um dos pacientes que fez o Teste Rápido de HIV. Ele aproveitou a visita ao posto de saúde para também saber se é ou não portador do vírus. “É sempre bom a gente saber sobre a nossa saúde, essa coisa de preconceito não pode existir”, avalia.
Além das ações itinerantes, os testes rápidos podem ser feitos no SAE, que fica localizado na avenida JK, ao lado do Corpo de Bombeiros de Ariquemes.
Fonte/hojerondonia.com
