O legado africano no cotidiano religioso dos vales do Guaporé
Aconteceu neste domingo 25 de maio, a chegada da Romaria e do Batelão do Divino Espírito Santo, do Vale do Guaporé, no município de Pimenteiras do Oeste/RO; São 45 dias de romarias por 37 comunidades tradicionais do Rio Guaporé, entre o Brasil e Bolívia até chegar a seu destino final que será na localidade de Cafetal na Bolívia que será uma grande festa nos dias 04,05,06, 07 e 08 de junho de 2025.
A presidenta da comunidade do Divino Espírito Santo de Pimenteiras, Vanderlice Serrate, a Romaria do Divino, disse que o Divino, permanece no município de Pimenteiras até quarta-feira, 28, e saída com destino a Pousada Santa Cruz.
Vanderlice, disse ainda que a Romaria do Divino Espírito Santo acontece anualmente no interior do Estado de Rondônia. Esta peregrinação fluvial tem a missão de visitar todas as localidades da região do Vale do Guaporé, são 45 dias de grande festa religiosa, feita com muita fé e devoção. Os festejos envolvem uma grande quantidade de pessoas e existe uma estrutura de barcos e um pessoal específico para cumprir com a missão.
A tradição do Divino é de 131, anos, e a caminhada da Romaria de 128 anos da Festa do Divino Espírito Santo no Rio Guaporé é o segundo festejo religioso mais antigo da Amazônia, superado apenas pelo Círio de Nazaré, em Belém do Pará. Ao contrário de similares que acontecem em vários estados brasileiros, no Guaporé não existe cavalgada ou luta entre “mouros” e “cristãos”, sendo o deslocamento feito todo por via fluvial.
O Divino Espirito Santo, através de uma análise Histórica, social e cultural, a influência africana na constituição do catolicismo popular dos vales do Guaporé e Mamoré, buscando compreender a relação entre o sincretismo religioso regional e as ausências de instituições religiosas oficiais e dos serviços de saúde pública adequados. Para o desenvolvimento da pesquisa foram realizadas entrevistas com atores dos fenômenos estudados, assim como com os moradores locais que, de alguma forma, vivenciaram o fenômeno.
Tal procedimento valeu-se da técnica de História Oral. A pesquisa bibliográfica priorizou artigos, livros e teses de historiadores, antropólogos, sociólogos e cientistas sócio-ambientais, que enfocassem, de alguma maneira, a questão afro-diaspórica no Brasil.
O locus da pesquisa foi a cidade de Guajará-Mirim, onde encontramos traços culturais, herdados de antigas famílias nordestinas e guaporeanas, que nos permitiram conhecer o fenômeno. Constatou-se que o legado africano marcou a vivência religiosa dos vales do Guaporé e Mamoré, deixando fortes traços nas festividades religiosas locais. Observou-se, também, que algumas tradições, presentes há séculos na região, estão desaparecendo, vítimas do contato com a modernidade.
Fonte e Fotos: Wilmer G. Borges/Da Redação do Hoje Rondônia