Hermínio Coelho (*) :
Na minha trajetória a vida e a política se confundem. Não sou um homem teórico. Sou um homem prático e fui levado à política mais pelo sentimento de justiça que pela reflexão, muito mais pela necessidade de lutar, de defender pontos de vista que, a partir de idéias, acadêmicas ou não. Porém, uma visão que sempre tive é a de que deve-se viver para realizar a verdadeira política que é a de buscar objetivos que visem o bem comum. De uma forma quase inconsciente minha prática de atos e fatos públicos esteve norteada pelo propósito de servir ao povo, de tentar melhorar a qualidade de vida das pessoas.
Ainda quando não concordo com determinadas práticas sempre ajo com o objetivo de construir. É certo que, como todo ser humano, tive meus erros, mas, entre estes não esteve jamais a tentativa de atingir qualquer pessoa. O que fiz, o que faço é tentar mostrar o caminho que considero certo, que se pode fazer política com dignidade, com atenção às necessidades sociais e públicas. Penso que o homem, ainda mais quando revestido de poder, deve agir em defesa de uma causa ou de causas que considera importantes. Não concordo com os que estão na política como negociantes dos seus próprios interesses ou que vêem a política apenas como uma fonte de renda. Ser político, para mim, é buscar resolver problemas sociais, ter programa, ter coerência e ter princípios. Qualquer cargo ou função pública, por mais alto que seja, não vale a pena se para mantê-lo tiver que abrir mão de meus princípios e da minha coerência.
Digo isto por me sentir incomodado com algumas repercussões sobre atos que pratiquei para, junto com outros deputados, mudar a imagem da política em Rondônia. Particularmente a questão das demissões de pessoal na Assembleia Legislativa. Ninguém gosta de demitir, mas, principalmente, quem responde por um poder tem que tomar as atitudes, ainda quando amargas, que são necessárias. Neste sentido é preciso esclarecer que, recentemente, por razões de operacionalidade e de economicidade tive que tomar algumas medidas para diminuir a folha de pagamentos da Assembléia
Foi uma medida eminentemente administrativa. Não existiu nela nenhum tipo de retaliação ou perseguição a nada, nem a ninguém. Em algumas funções, que são de confiança, tive que colocar pessoas que são de minha confiança, o que é natural, e, no geral, fazer um corte para a contenção de despesas.
Uma das coisas mais difíceis e complicadas é sempre demitir. Não é agradável nem, para quem sai, contenta saber que existiram critérios que procuraram ser o mais técnico possível, embora sempre exista o erro e, muitas vezes, o corte contemple até mesmo pessoas que são próximas. A verdade é que deleguei a tarefa e, ao assinar, fechei os olhos para que o coração não impedisse que a mão fizesse o necessário saneamento. Era preciso fazer e foi feito.
Em momento algum, porém, afirmei ou escrevi que se tratavam de pessoas que não trabalhavam ou que fossem ligadas a qualquer religião. Assim soube depois, com espanto, que foram feitas afirmações pouco lisonjeiras sobre pessoas que não mereciam, e não merecem, ser alvo de censura pública. No caso atingindo até mesmo pessoas que por seu comportamento e história devem ser honradas e respeitadas por seu próprio valor e exemplo de conduta.
Muitas vezes a exposição pública é um processo cruel e, de uma forma geral, é inútil tentar desdizer o que foi escrito e/ou publicado. É uma missão improfícua e inglória, mas, esclareço que todas as medidas que foram tomadas são de ordem administrativa para adequar os custos e reequilibrar as contas da Assembleia e nada mais. As versões, porém, ultimamente parecem ultrapassar os fatos.
(*) É deputado estadual do PSD e presidente em exercício da Assembleia Legislativa do Estado.
FONTE/HOJERONDONIA.