VILHENA: Famílias apreesivas com construção de aterro

Mesmo sendo considerada uma cidade desenvolvida e com o melhor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Estado e ocupar a 9º posição da região Norte, a cidade Clima da Amazônia ainda não possui aterro sanitário. As toneladas de resíduos que são produzidos diariamente pelos mais de 77 mil habitantes são jogadas em um terreno, a cerca de oito quilômetros da cidade.

A céu aberto, a situação do lixão do município de Vilhena não é muito diferente de outros municípios de Rondônia e até mesmo de outros Estados. Uma pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontou que 64% dos municípios brasileiros não tem aterro sanitário. Tudo é jogado em terrenos que não passam por nenhum controle.

Para tentar por um fim no lixão da cidade, a prefeitura prevê a construção de um aterro sanitário a 25 quilômetros de Vilhena, na estrada de Colorado do Oeste, em uma área de 500 hectares.  O prefeito José Rover assinou junto a Secretaria Estadual do Desenvolvimento Ambiental (SEDAM), em Porto Velho, a licença prévia de instalação do aterro sanitário. A licença definitiva de instalação deverá sair em 20 dias. O projeto prevê a utilização do aterro pelos próximos vinte anos.

PROJETO

De acordo com o projeto serão construídos no local 20 células, revestidas com manta PAD que evita a contaminação do solo, do lençol freático e o mau cheiro – que abrigarão os resíduos gerados a partir do lixo. Outra novidade seria a instalação de tanques de decantação, ou seja, após um processo, a água poderá retornar para o rio sem perigo de contaminação.

Com a notícia da construção do aterro sanitário as famílias que dependem do material reciclável, que é jogado no lixão, já se preocupam. “Se o prefeito acabar com isso, não sei como vamos sobreviver”, lamenta Irene Ferreira, 30, que também trabalha no lixão da cidade.

Para tentar atender essas famílias, há uma possibilidade de ser construída uma usina de reciclagem de lixo próximo ao aterro sanitário, mas por enquanto o assunto foi apenas comentado pela assessoria da prefeitura.

MAIS DE 20 FAMÍLIAS SOBREVIVEM DO LIXÃO

Estima-se que uma pessoa produza, em média, 1,5 kg de resíduos por dia. Todo o lixo mal destinado acaba por contaminar o solo e também a água e, pode provocar problemas de saúde até em populações que vivem longe dessas áreas. O problema de saúde se agrava ainda mais quando as pessoas residem próximas a esses locais ou até mesmo vivem em meio ao lixo, como acontece em Vilhena. Cerca de 20 famílias que residem próximo ao lixão sobrevivem catando material reciclável que são jogados pelas caçambas, diariamente no terreno. O forte odor atrai animais e aves que buscam se alimentar dos restos de alimentos.

Nelí Soares de 33 anos mora com o marido e os dois filhos próximo ao local há dois anos. Toda a renda da família é proveniente de tudo o que é descartado por quem vive na cidade. Ela e o marido chegam a tirar uma renda de R$ 1,2 mil por mês selecionando material reciclável como: plástico, alumínio e metal. “Esse trabalho é bom porque a gente trabalha a hora que quer e tira um bom dinheiro”, disse. Para enfrentar o lixão Nelí se prepara. Ela coloca botas, um boné na cabeça e luvas. É hora de pegar o chamado big bag (saco grande) para armazenar os materiais recicláveis. “Vamos em busca de ver o que vai cair das caçambas e procurar o que dá para aproveitar”, lembra. Mesmo sendo um trabalho difícil e perigoso Nelí não se intimida e diz ter orgulho do trabalho. “Tenho orgulho, porque é um trabalho digno, como qualquer outro”, ressalta. “Ainda se tem muito preconceito, mas não ligo. Estou defendendo o pão da minha família”, fala Nelí, emocionada.

DiáriodaAmazônia.

Fonte/hojerondonia.com





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