OLAVO PIRES: 21 anos da morte que abalou Rondônia

“A morte é uma vida vivida. A vida é uma morte que vem” (JORGE LUIS BORGES)…

Em 16 de outubro de 1990 o povo rondoniano recebia de maneira inesperada a notícia do assassinato de Olavo Pires, senador da república e candidato favorito para ganhar as eleições majoritárias para o governo naquele fatídico ano. O atentado foi facilitado por uma queda de energia elétrica na Avenida Governador Jorge Teixeira, o que deixou a sede da VEPESA, sua loja de máquinas pesadas e implementos agrícolas, com uma iluminação precária fornecida por geradores.

Cerca de cinquenta pessoas se aglomeravam em frente ao prédio da empresa aguardando a chegada do candidato Olavo Pires. Com simpatia, o senador cumprimentou populares e se dirigia aos professores da rede estadual quando foi alvejado por uma rajada de tiros de submetralhadora 9 milímetros. Os presentes se dispersaram aos gritos, enquanto o Senador agonizava no chão, em seu caminho irreversível para a morte.

Três meses antes do seu assassinato, Olavo Pires solicitara proteção ao governo federal, mas não havia sido atendido. O senador também se sentia vítima da imprensa e teve o nome associado ao tráfico de drogas. Chegou a requerer ao Ministério da Justiça, uma investigação completa em sua vida pública e privada como forma de provar sua idoneidade aos seus desafetos.

Na campanha eleitoral, como candidato do PTB, Olavo era franco favorito nas pesquisas, entretanto, não conseguiu se eleger no primeiro turno. Obteve 79.456 votos contra os 78.893 de Valdir Raupp (PRN), enquanto Oswaldo Piana (PTR) ficou em terceiro lugar, com 72.155 votos. Quando morreu, as pesquisas davam como certa sua vitória no segundo turno. Seu assassinato provocou uma mudança no quadro eleitoral. Oswaldo Piana foi incluído na disputa e obteve 181.605 votos derrotando Valdir Raupp, que ficou com 145.351 votos.

Olavo Gomes Pires Filho era natural de Catalão (GO) e herdou do pai uma retífica de veículos pesados, o que impulsionou seus negócios em vários estados. Quando o território de Rondônia passou a condição de estado da federação, em 1982, ele se elegeu deputado federal pelo PMDB. Mantinha uma fundação de assistência social o que levava seus adversários a o acusarem de populista por praticar assistencialismo com os mais pobres, algo de que na verdade se orgulhava por ajudar àqueles sem condições financeiras.

Em 1987 se elegeu ao Senado. Atuou como constituinte, onde fazia parte do chamado CENTRÃO, bloco formado por políticos de direita e conservadores que obstavam o avanço de propostas dos políticos progressistas. Olavo Pires, apesar da baixa assiduidade na casa de leis, votou pela pena de morte, pelo voto aos 16 anos, pelo presidencialismo, entre outros, além de ir contra a opinião pública quando votou pelos 5 anos do mandato de José Sarney.

Em sua trajetória política, foi um dos vice-líderes do PMDB, congênere de senadores renomados como Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso. Em 1990, candidatou-se pelo PTB ao governo de Rondônia, rompendo com o governador da época, Jerônimo Santana. Enfrentou uma campanha de baixo nível, que denegria sua imagem pública quando o associava ao tráfico de drogas, segundo seus detratores, origem da sua riqueza patrimonial. Nada ficou provado contra o Senador.

Durante seu velório na Assembleia Legislativa, uma multidão se concentrou no último adeus. Representando o Senado, apenas Ronaldo Aragão, Odacir Soares e Amir Lando, seu suplente, estiveram no velório. Outros senadores não quiseram lhe prestar a última homenagem. Em represália, seus familiares recusaram a proposta para que o corpo do Senador fosse velado no Salão Negro do Congresso Nacional, como é de praxe na política nacional.

Olavo Pires foi sepultado em Goiânia. Neste mês de outubro, o assassinato que mudou os rumos da política rondoniana celebra 21 anos, agora transformado num fato histórico de dimensões trágicas. O caso continua sem resolução e o caminho para sua elucidação talvez nunca mais possa ser percorrido. De certo apenas, a inclusão do carismático Senador Olavo, nas páginas da história de Rondônia.

Autor/ Sílvio Mellon

Fonte/Hojerondonia.com





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