Sem conseguir quitar imóveis adquiridos compradores devolvem o terreno, não recebem o que já pagaram e acionam o PROCON…
A revista Exame, do mês de junho, alertava para uma Bolha Imobiliária em curso no país em função dos altos custos dos imóveis, listando os motivos para a preocupação.
Os preços dos terrenos subiram muitos, os escritórios de alto padrão têm aluguel muito caro, os mais caros do mundo, os bancos ficaram mais agressivos na concessão de crédito para a compra de imóveis com prazo de pagamento a perder de vista, mas há poucas fontes de captação de recursos, comprar imóveis para alugar virou um mau negócio devido à queda no preço do aluguel, a rota seguinte é uma queda no preço dos imóveis, uma vez que os aluguéis estão mais em conta, e a inadimplência em função dos altos custos pagos pelos imóveis.
A situação em que vive os grandes centros, com crise imobiliária, começa a ocorrer em Vilhena. Nos últimos três anos a cidade viveu uma explosão de novos loteamentos, pelas contas pelo menos doze surgiram do nada seduzindo os clientes, principalmente aqueles que vivem de aluguel. Com prazos a perder de vista houve casos de loteamentos que tiveram mais de mil lotes vendidos em menos de 24 horas.
Como conseqüência a febre imobiliária derrubou os preços dos alugueis e aumentou a inadimplência no comércio. Os compradores destes terrenos em sua maioria são das classes C e D, cuja renda é pequena. A compra do terreno na verdade só aumentou a despesa, uma vez que a pessoa continua morando de aluguel porque não tem dinheiro para construir e ainda tem que quitar as prestações do imóvel religiosamente sob pena de pagar juros e correções.
Está semana o problema caiu no colo do PROCON. Imobiliárias já começam a ser levadas à Justiça porque os compradores não conseguiram pagar as prestações, as imobiliárias retomam o terreno, porém, não devolvem o que já recebeu. Nesse caso a empresa fatura duas vezes, já que o terreno devolvido é repassado para outro comprador. A imobiliária alega que o dinheiro que não é devolvido fica por conta da corretagem do vendedor. Os clientes reclamam também de uma alta taxa administrativa que é cobrada e a vinculação das prestações ao salário mínimo, o que é irregular.
A prefeitura e a Câmara de Vereadores também tem culpa no desmanche que está ocorrendo no setor imobiliário de Vilhena. Sem contestação e ao arrepio da lei, aprovaram todos os projetos de loteamento na cidade. Proporcionalmente, Vilhena é hoje uma das cidades que mais tem casas a venda, uma vez que alugá-las se tornou inviável financeiramente. Por conta da bolha imobiliária que a cidade vive nunca se registrou tamanha inadimplência no comércio, conforme dados oficiais. A irresponsabilidade de concessão de créditos em 2008 nos EUA, cuja crise se estendeu pela Europa, parece não ter alertado as autoridades locais para o que ocorreria numa desproporcional liberação de loteamentos na cidade sem planejamento e precauções.
Autor: Vitor Paniagua/Hojerondonia.com:
Foto: Ilustração:
